Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 4 de junho de 2013

Manual de sobrevivência

Dia desses, sabe-se lá porquê, comecei a conversar com minha professora sobre livros de auto-ajuda. Não, não se tratava de sugestões dos melhores títulos de uma de nós para a outra, como podem vir a pensar, mas sobre o aparente declínio desse segmento e do surgimento de serviços para ajudar a si próprio, como os coaching’s (serviço em que, resumidamente, o profissional dessa área ajuda as pessoas a desenvolver habilidades para gestão do seu tempo e liderança, por exemplo, por meio de técnicas especializadas) e os personals, como o stylist (de moda), o personal hair (de cabelo), entre tantos outros. Tudo com expressões em Inglês, pra dar o ar chiquetê e de exclusividade pra coisa.

Já adianto que nenhuma de nós estávamos criticando essas formas de se auto-ajudar, longe disso, mas como a sociedade cada dia mais vem buscando por esses tipos de serviço e, consequentemente, mais empresas e pessoas vêm oferecendo esse tipo de trabalho.

Faz sentido. Num mundo onde uma parte considerável de mulheres trabalham fora, é compreensível que muitas busquem apoio em empresas de organização doméstica para dar conta do recado e chegarem inteiras ao final do dia.

A sociedade muda, o mundo do trabalho muda junto. Surgem novas possibilidades de atuação profissional, mais oportunidades para pessoas que buscam empreender um negócio próprio que, com o tempo, precisarão contratar colaboradores para essas empresas, se abrirão novas oportunidades de emprego, mais pessoas com renda, a economia movimenta e todos ganham no final. Uma coisa puxa a outra. Até aí, muito legal.

Mas essa conversa me fez pensar também sobre outro aspecto da questão, reforçada por uma daquelas coincidências do destino. Domingão, abro um portal de um certo grande jornal e me deparo com uma das suas principais “notícias”: “Manual da boa convivência urbana”.

Com honestidade, nem cheguei a abrir o link, talvez por isso posso até estar fazendo um mal pré-julgamento da coisa (e já peço desculpas de antemão se realmente a matéria ter sido muito surpreendente, o que de verdade, não acredito), mas o simples título “Manual da convivência urbana”, num grande jornal em pleno domingo, como uma de suas matérias principais, no topo da página, me fez dar um passinho pra trás e pensar que algo de muito estranho  vem acontecendo na nossa sociedade.

Péra. Manual da Convivência urbana. Acredito eu que regras básicas pra conviver bem em sociedade já tenha nos sido ensinado (ou ao menos deveria) desde crianças, o tal do “faça com os outros somente o que gostaria que fizessem com você” e do “só ultrapasse quando o sinal estiver verde”, ou não?

Pessoas, para se inserirem no contexto social, cada um com suas regras e valores culturais, sempre precisaram de bases, nortes, horizontes. Caso contrário, seria impossível uma boa convivência humana. Ficaríamos todos “batendo cabeça” por aí, cada um indo pra um lado e chegando a lugar nenhum.

Sempre foi assim. Desde os tempos das cavernas, os homens aprendiam uns com os outros  habilidades elementares para viver, como caçar e pescar e se organizar socialmente, mesmo que não se comunicassem como nós, por meio da linguagem oral, basicamente. Não fosse o contato e o aprendizado uns com os outros, impossível seria a sobrevivência.

Tempos depois, na Idade Média, num tempo em que crianças ainda eram vistas como “adultos em miniatura”, ou seja, à criança não era atribuída características comuns ao nosso conceito de infância atual, como fragilidade e necessidade de proteção e de aprendizado gradual de vida e de mundo (sim, isso foi normal um dia!), ainda assim elas aprendiam por meio do contato social valores e formas de entender e estar no mundo, mesmo que à elas não era destinada uma forma de Educação específica tal como para as crianças de hoje.

E assim o mundo foi. Mães ensinando suas filhas habilidades importantes para uma “mulher de valor”, como cozinhar, tratar bem o marido e cuidar dos filhos. Pais orientando filhos para serem “homens de bem”, terem uma profissão (muitas vezes, até de certa forma forçando-os a seguirem as mesmas que as deles, ou alguma que eles sempre sonharam e não tiveram oportunidade...), avós, cozinheiras de mão cheia, ensinando truques que vez ou outra nos salvam em situações do dia a dia até hoje (mesmo que aquele tempero especial elas não revelassem a ninguém).

De alguma forma, sempre fomos ensinados a acreditar que o ensinamento que vem de fora é o que tem valor. Se está escrito no livro, está certo. Se a professora disse, então é. Minha mãe falou, só pode ser isso.

Acredito que venha daí a necessidade que temos de que alguém nos diga sempre, hoje em dia ainda mais, o que e como fazer. Como ser, o que vestir, como se comportar aqui e lá. Porque um dia fomos ensinados que o que vem de fora é que está certo. E parece que, hoje em dia, o motor que move a sociedade sempre vem de algo fora de nós. Tendências, modismos, opiniões sobre isso ou aquilo.

O que está certo é o que vem de fora. Se todo mundo está dizendo que é, então é porque é. Se todos dizem que as loiras são a bola da vez, então eu é quem devo me adequar ao mundo. Se minha imagem é importante para minha carreira, e minhas percepções de vida e meu credo no meu próprio bom-senso não são tão de confiança assim, então melhor eu pagar alguém que me diga como eu devo me vestir naquela reunião importantíssima que definirá os rumos da minha vida profissional.

Num mundo onde existe hoje algo chamado Internet, onde qualquer pessoa pode colocar lá conteúdo (seja ele bom ou mal) e ser acessado por milhares, milhões de pessoas de qualquer lugar do planeta, num universo digital pautado pela instantaneidade e efemeridade e, principalmente, onde o marketing é o que efetivamente conduz a opinião pública pra fins pré-determinados e o que está “em alta” (ou seja, tem mais verba pra aparecer mais e melhor) é o que é “bom”, a capacidade de análise e reflexão das pessoas torna-se cada vez menor. Será que realmente isso é o melhor pra mim? Será que eu realmente preciso disso?

E diante de tudo isso, me preocupa é a formação das novas gerações. Será que não estaremos formando futuramente adultos que serão adolescentes eternos, com necessidade eterna de se adequar ao grupo e que necessitam, cada vez mais, de outras vozes que os digam o que é o certo e o que é errado nesse mundo de constantes incertezas?






terça-feira, 30 de abril de 2013

A verdade do mundo

Engraçado como temos ideias muito bem concebidas do que é “a verdade do mundo”. “Verdade” que nós é ensinada desde pequenininhos, pela família, religião, escola, sociedade.

Lembro-me que certa vez quando era criança pintei o céu de cor de rosa, minha cor preferida na época. E a minha professora, prontamente, disse que eu precisava refazer o desenho, porque o céu não era cor de rosa. Mesmo desejando que meu céu fosse de algodão doce cor de rosa, acatei.

E assim seguiu a vida. Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Pintar pra ficar bonito só dentro do contorno do desenho, e numa mesma direção. Se fizer uma coisa feia (mesmo que sem querer, sem pensar), Deus castiga.  Árvores são verdes. O Sol tem que ser amarelo. Menino não pode usar cor de rosa. Só estudando muitissississimo para arrumar um bom trabalho para então ser feliz.

Parece tudo fazer todo o sentido. E se não fosse assim, também talvez ficasse bem complicado viver, sem referências, sem símbolos, sem regras, sem possibilidade de troca com as outras pessoas. Ficaríamos todos escrevendo japonês em braile.

O problema é que, acredito eu, toda essa rigidez psicológica também nos torna mentalmente inflexíveis, sem conseguir ver soluções pra nossas questões cotidianas que muitas vezes estão bem a nossa frente. Porque não está no script. Porque é uma ideia maluca. Porque ninguém nunca fez isso antes, quem sou eu pra arriscar...

Mas graças a muitas ideias malucas de alguns mais malucos ainda desfrutamos hoje de muitos confortos sem os quais não saberíamos mais viver.

Acredito que a pior parte dessa história é que nos negam desde pequenos uma das mais belas capacidades humanas: a criatividade.

Somos moldados para nos encaixar dentro do mundo. E com o tempo nos tornamos totalmente padronizados, previsíveis, todos atores cumprindo um determinado papel na vida: o jovem descolado, a mãe responsável, a profissional bem-sucedida, a vó moderninha, o bom pai.

Somos tão mais que isso... podemos ser tão mais que isso. E o mundo de hoje precisa, cada dia mais, de gente que pensa e age fora dos moldes.

As possibilidades serão sempre infinitas. Pra quem quiser e tiver a coragem de ver e viver.









terça-feira, 23 de abril de 2013

Cada um cada um

Como já coloquei aqui no blog, tenho uma coluna sobre Educação e relação pais e filhos no bacaníssimo Portal Dicas de Mulher (www.dicasdemulher.com.br).

Embora as propostas desse canal e da coluna sejam um tanto diferenciadas, penso que elas também têm muito em comum: falar sobre relações humanas, ideias para se conviver melhor entre pessoas. E pra gente mesmo.

Por isso, essa semana quero dividir aqui com vocês o texto que escrevi pro Dicas porque, embora ele seja, essencialmente, voltado pra relação mães (e pais também) e filhos, acredito que ele possa trazer uma reflexão pra vida de todos nós.





terça-feira, 16 de abril de 2013

A desinteligência coletiva

Já ouvi dizer que essa história de que muitos falam que, a cada ano que passa, os dias, semanas e anos passam mais rápido tem mesmo comprovação científica.

Nunca fui pesquisar sobre o assunto, mas a sensação que tenho (e acredito que seja de muita gente) é exatamente essa: a cada dia, menos tarefas cabem no meu dia. E o que resta, pra não enlouquecer, é desapegar. Saber que se faz o que dá, o possível. E só.

Como bem disse um professor meu da Pós-Graduação, não é que o tempo passa mais depressa. A quantidade de afazeres e informações que chegam até nós é que aumentam a cada dia.

Faz todo sentido. 

Hoje temos um luxo que, de verdade, nunca imaginei ter na vida um dia. Carregar a vida e o mundo dentro da Internet comigo. Onde quer que eu vá. Mas hoje vejo que é daqueles tipos de luxo que, se não consumidos e utilizados com discernimento, nos tornam escravos dele.
Tudo isso, dizem, pra otimizar tempo. Ser produtivo. Possibilitar mais tarefas dentro de 18, 20 horas.

A sociedade do excesso, como alguns já nomearam. Descrição perfeita.

Vejo por mim mesma: sou uma “curtidora” de páginas do Facebook. Tudo o que me interessa, de alguma forma, vai pro “curtir”. Porém, o que fica da quantidade de informação que recebo todos os dias, de verdade, de qualidade e importante pra minha vida pessoal e profissional? Muito pouco. Fragmentos, vagas lembranças. Quando muito.

E o que fazer disso tudo? Mais difícil ainda.

Já percebi que produtiva mesmo eu sou quando desligo tudo e vou produzir algo com minha própria inteligência individual. Ou coletiva, quando sento na mesa de um bar com meus colegas de trabalho e de lá é que saíram até hoje nossos melhores projetos. Jogando conversa fora, tomando uma cerveja, um café. E, no máximo, acompanhados de caderninhos e canetas.

A Internet é uma das coisas mais lindas criadas pela inteligência humana. Sabedoria pura: fazer de conhecimento teórico, empírico e técnico algo de útil pra vida das pessoas. No dia a dia.

E, a partir dela, e do espírito colaborativo de pessoas engajadas - unidas a partir de uma tecnologia que, sem ela, dificilmente seria possível – muitas melhorias são passíveis de serem concretizadas para o bem-comum. Acredito até que ela pode ser um instrumento de mudança social e emancipação de classes.

No entanto, para que a inteligência coletiva efetivamente se concretize, aos poucos e na prática, é necessária uma mudança de mentalidade e das formas de uso das novas ferramentas tecnológicas que surgem a cada dia.

Simplesmente transferir o que estava no papel pro tablet, há de convir comigo que não é tarefa tão difícil assim. O desafio que temos hoje enquanto sociedade é formar as novas gerações para utilizar as novas tecnologias e mídias digitais com senso crítico e inteligência e, a partir delas, possibilitar uma verdadeira transformação social: da sociedade do excesso de informação à sociedade do conhecimento.







terça-feira, 2 de abril de 2013

Um grande e pleno movimento

Aproveitei o último feriado pra assistir um filme brasileiro que há muito tempo estava na minha lista de pendências: “Quem se importa” (www.quemseimporta.com.br), dirigido pela cineasta Mara Mourão.

Descrito como “mais do que um filme, é um movimento” na sua página da Internet e do Facebook, ele na realidade é um documentário que relata experiências de pessoas comuns de vários lugares do Planeta que, por meio do Empreendedorismo Social, estão concretizando, cada um a sua maneira, esse nosso lugar comum num lugar melhor e numa vida mais digna para pessoas diversas.

A sensação que tive ao assistir ao documentário é que, para promover mudanças efetivas, concretas no mundo, pode ser mais fácil do que imaginamos. Que as grandes mazelas que dilaceram bilhões de vida todos os anos são quadros com possibilidade de reversão. E por vezes com ações bem mais simples do que imaginamos.

Simplicidade: essa é a palavra que me tomou ao assistir ao filme. Possível a mim, a você, a qualquer um que deseje promover alguma atitude que, mesmo pequena de início, pode gerar uma grande mudança no futuro. 

Embora uma das mais características heranças orientais, a desconfiança, seja em mim bem pouco aflorada (Graças a Deus porque, a meu ver, toma muito tempo e dá rugas, de verdade) confesso que ela sinalizou na hora: como você se deixa comprar facilmente por palavras bonitas! Precisa aprender a se defender, senão a vida... (parece que escuto alguma voz adulta dizendo isso, mas não sei bem de quem...).

A primeira coisa que me chamou a atenção nesse filme foi o estranhamento das outras pessoas perante o “transformador social”, quando decidem largar - ou abdicar de tentar - carreira bem sucedida, status e poder pra embarcar numa empreitada como essa.

Frases como “acho que você está ficando louca, isso é coisa pro governo se preocupar, não você”, “eu te ajudo a arrumar um emprego” foram as que mais me marcaram. Me identifiquei.

Como já cantei certa vez por aqui, sempre tive dentro de mim uma sensação de “para quê” em tudo o que faço, especialmente em termos profissionais. E minha dificuldade maior nesse aspecto da minha vida era em saber lidar com “resultados pequenos”: sempre achei que, especialmente trabalhando na área da Educação, todos os meus projetos tinham que ser muito abrangentes, ter “grandes resultados”, impactar diretamente a vida de muitas pessoas. E aos poucos fui (e estou) percebendo que sim, a mudança é no pouco. É em uma turma, em uma escola, é em uma comunidade. É no pequeno. Pra depois se tornar muito. Se tornar grande.

E pra me impulsionar nesse meu estágio evolutivo, me parece que o mundo também vem buscando se tornar cada vez mais individual: atualmente se fala cada vez mais em ensino individualizado / personalizado, em atendimento médico humanizado, o Jornalismo tende a se voltar a contar pequenas histórias.

Parece também até um paradoxo, de certa maneira. Na sociedade do excesso atual, em que tudo tem que ser grande, em que tudo tem que ser muito, movimentos como esses e de alguns engajados por aí, que buscam vivificar um “culto ao individual” (o que é totalmente contrário ao “culto ao individualismo”, vale ressaltar) é somente um reflexo de uma sociedade que dá sinais claros de um estafamento de mania de grandeza, de “abraçar o mundo com os dois braços”, mas composta de seres humanos, que buscam olhar e serem olhados diretamente nos olhos, acessar e serem acessados no coração. Pra então se concretizar as possibilidades infinitas. Pra ser grande. E ser pleno.








terça-feira, 26 de março de 2013

Gente da gente

Tomei gosto por essa história de fotografias. Tanto que, despretensiosamente, estão surgindo no meu caminho diversos fotógrafos, e me pego por vezes olhando flickrs no meio do dia.

Não tenho instagram porque, com honestidade, nem sei se no meu simples celular daria pra instalar (ou é só em Iphones?), e também porque prefiro fotografias em seu modo real.

Desde criança sempre preferi as coisas "reais". Nunca fui de assistir desenhos animados porque os personagens não eram "seres reais". Por isso, preferia Mundo da Lua (Lucas Silva e Silva), Castelo Rá-Tim-Bum e seriados, programas nos quais os personagens eram "gente". Embora fui muito tímida, eu sempre gostei de gente. 

Mais tarde, impulsionada pelas minhas próprias questões de adolescente, comecei a me interessar ainda mais por gente. Em entender as dificuldades de gente. As alegrias. As contrariedades. As reais necessidades de gente real.

Selecionei algumas fotos que, a meu ver, estejam elas representadas nas imagens ou não, falam - e muito - sobre gente. 


                     Créditos: Ana Paula Igual


                      Fonte: facebook.com/institutobrasis



                                        Créditos: Vanessa Yosioka Collacio


                     Créditos: Pedro Ungaretti


                                Fonte: facebook.com/SESCConsolacao


                                            Créditos: Ana Paula Igual


                     Créditos: Pedro Ungaretti


                                Créditos: Maria Clara Spies



                                Créditos: Vanessa Yosioka Collacio


                                Fonte: facebook.com/institutobrasis


Nessa nossa vida louca vida, penso que falta esse olhar pra ver além do que vemos. 








terça-feira, 19 de março de 2013

Álbum de fotografia

Hoje compartilhei no bacaníssimo portal Dicas de Mulher algumas ideias sobre a importância das atividades ao ar livre para crianças.

E pra nós, adultos e sem filhos, vale como reflexão sobre as nossas formas de brincar atuais.

http://www.dicasdemulher.com.br/atividades-ao-ar-livre-sao-importantes-para-o-desenvolvimento-das-criancas/




Espero que gostem! :)






terça-feira, 12 de março de 2013

Por trás dessa lente também bate um coração

Há exatas duas semanas iniciei meu último módulo da Pós-Graduação na Cásper Líbero, Faculdade de Comunicação localizada na avenida Paulista, em São Paulo.

Esse semestre estou estudando a imagem fotográfica no Jornalismo. Em tempos em que somos verdadeiros montantes de corpos cercados de imagens por todos os lados e se tira foto muito mais do que se troca de roupa, pensei que essa era a disciplina que faltava pra eu sair com o título digno de pós-graduada após quase três anos.

Importante também pro meu trabalho. Nos dias atuais, crianças e jovens praticamente nascem sabendo manusear uma câmera digital e são expostos a imagens muito mais do que a minha geração. Lembro-me que quando eu era criança, em algum domingo que alguém da família acordava inspirado, resolvia pegar uma imensa mala de álbuns pra vermos juntos, relembrar histórias e,  por fim, todos eram contagiados por um saudosismo bom...

Mas voltando ao assunto, logo no primeiro dia de aula da Pós uma frase da minha professora me chamou a atenção. Algo que nem eu, e acredito que a maioria dos meus colegas, nem você, nunca tinham parado pra pensar: “toda foto é tirada por alguém”.

Ai, que afirmação mais óbvia. É claro que fotos são tiradas por alguém, ou elas brotam sozinhas? Sim, mas pode reparar, a gente não pensa nisso quando vê uma fotografia no jornal ou na Internet. Logo, toma aquilo como verdadeiro de imediato. Ou como única versão de um fato. Se tá na foto, é porque é verdade...

Sim, pode ser verdade. Mas pode também não ser uma única versão de um acontecimento. Por trás daquela imagem há UM SER HUMANO (perdoe-me a caixa alta, mas não encontrei outra forma melhor de evidenciar) que tirou aquela foto. E logo no primeiro dia ela me revelou o que eu nem sabia o que de verdade, eu, Vanessa, buscava lá. É isso!

Por quê razão aquela pessoa escolheu tirar aquela foto, registrar aquele fragmento de um fato e não outro?

Escolhi três fotografias pra pensarmos por quê o fotógrafo (ou a fotógrafa) envolvido escolheu registrar aquele momento - seja ele casual ou não - e não qualquer outro.



Essa fotografia faz parte da série “Povo dos rios”, registrado pelo fotógrafo baiano Alvaro Villela. Segundo ele:

Povo dos Rios é um olhar comprometido com os ribeirinhos... Pescadores, marisqueiras, agricultores, mestiços, negros, brancos, índios... Gente alegre e sofrida, forte e frágil, universal e peculiar, que diariamente constrói a sua história em meio a um modelo de desenvolvimento social centrado no pragmatismo do retorno imediato, que em nome da produtividade e do lucro destrói santuários que a natureza levou milhões de anos para formar.
[...]
A intenção, portanto, é instigar o conhecimento, o entendimento e, a partir daí, incentivar uma atuação de forma consciente no que se refere à defesa de nossa fauna e flora e a valorização dos conhecimentos que as populações tradicionais guardam há séculos sobre os bioativos da nossa natureza.




Extraída da página do Facebook da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em Português), sobre a instabilidade dos preços dos alimentos no mundo.
Publicada em 16 de outubro de 2012 e tirada pela fotógrafa italiana Alessia Pierdomenico.



Sobre a situação da raiva e a escassez de vacinas e tratamentos veterinários para cães ocasionadas por décadas de conflito.
Publicada na página do Facebook da FAO em 16 de junho de 2012. Não há registro do nome do fotógrafo.







terça-feira, 5 de março de 2013

Sobre uma terça-feira incomum

A última terça-feira - última terça do mês de fevereiro também - não foi uma terça-feira comum.

Todo primeiro dia de alguma coisa nunca é um dia comum. O primeiro dia numa escola nova, o primeiro dia num emprego novo, o primeiro dia de casados, o primeiro dia depois de uma promoção no trabalho...

Sendo também um dia de uma realização - seja ela pessoal ou profissional - mais incomum ainda. E a última terça-feira foi um deles.

Nesse dia, realizei um desejo antigo enquanto profissional da área da Educação: assumi uma coluna para falar com mulheres mães (ou pais que fazem o papel de mãe) sobre o tema onde ela verdadeiramente começa, em casa.

Falar sobre Educação, mas mais que simplesmente falar: produzir reflexão.

E como acredito que quando seu desejo é forte e verdadeiro e você se movimenta para algo as coisas começam invariavelmente a acontecer, surgiu - no momento certo - o Portal Dicas de Mulher na minha vida. 

Um Portal muito, muito bacana voltado a mulher moderna. 

Um Portal que fala sobre beleza, crianças, moda, comportamento, saúde, decoração, entre tantos outros assuntos, com dicas muito válidas para a vida real da atual mulher contemporânea: mulheres que podem ser ao mesmo tempo mães, profissionais, esposas, amigas, filhas, netas, tias. E que, sem esse conjunto, não seriam totalmente elas.

Pra quem não teve a oportunidade de ler, segue o link abaixo:






Desejo que curtam, como eu curti! :)







terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Zona de conflito, zona de conforto e um pouco mais do mesmo


Desde que iniciou o ano não leio jornal. Ler mesmo, com profundidade, não só ver as manchetes e “passar o olho” numa matéria ou outra que me interessou. 
Pra não dizer que não, li algumas colunas de opiniões. Mas só.
Ontem abri o jornal com o intuito de, ora, ler jornal. Ler de verdade. Mas desisti nos primeiros minutos.

Estafada, essa é a sensação.

Sempre tive dificuldade em lidar com o ócio. Minha mais latente e viva herança oriental, acredito. E um dos motivos que me fizeram buscar terapia, também. Mas já melhorei muito e venho melhorando a cada dia. E minhas últimas férias comprovaram que hoje sei simplesmente não fazer nada. Pra nada. Mas ainda preciso de outras provas.

Tudo pra mim tem que ter uma finalidade, nem que não esteja muito clara, a princípio. Caso contrário, é perda de tempo.

Até nos meus momentos de lazer. Descansar pra mim não é simplesmente ócio por ócio, há de ter um objetivo principal: descansar a mente e/ou o corpo. E muitas vezes, mesmo sem saber exatamente o que há de vir pela frente, o ócio tem pra mim um fim mais ou menos pré-determinado: uma resposta pra uma dúvida qualquer, uma ideia nova, um instante de criatividade, ou mesmo uma nova inquietação pra dar um novo rumo a minha história.

Rir com as amigas: relaxar. Passear num parque ou no shopping: ver paisagens ou coisas diferentes, sair um pouco do reduto do meu “mundo real”. Extravasar.

Talvez por essa minha dificuldade é que sinto cada vez mais dificuldade em ler jornais. Pra mim, hoje, ler um jornal não tem finalidade alguma.

A sensação é de sempre mais do mesmo. Pra nada no final. Uma sensação de "estafamento" (não sei se essa palavra não existe, vale ressaltar, mas nenhuma outra se encaixaria melhor) como cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Todos os dias, com apenas mudanças de personagens e algumas alterações aqui e acolá, as notícias são praticamente sempre as mesmas. Por isso migrei pras mídias sociais. Pelo menos lá consigo filtrar um pouco mais o que é do meu interesse, mesmo por puro lazer. E o que não me leva a nada.

O sentimento que fica pra mim é: tá, mas pra quê tanto alarde, tanto espetáculo, tanto, tanto... se amanhã tudo isso é somente uma vaga lembrança, quando muito?

“Pra estar informado, saber das coisas que acontecem”, como diria minha vó, quando a questiono o porquê ela insiste em assistir todo “santo dia” noticiários de tragédias. E pra ela esse é um motivo muito válido. Respeito.

Mas esse tipo de resposta já não me convence mais. Informado pra quê? Mudará alguma coisa eu saber detalhes de crueldades e acontecimentos funestos, com características sempre mais ou menos determinadas?

Acredito mesmo que notícias cruéis - sejam elas de mortes com requintes de maldade (sem precisar ferir também o espectador do outro lado) ou de políticos corruptos que roubam a vida e dignidade não só de uma, mas de milhões de pessoas – poderiam, e podem, efetivamente ter um objetivo concreto, e que não é somente “estar informado”.

Uma pequeníssima parcela da população se indignar, levantar do sofá - ou abrir uma página na Internet - e começar a se movimentar já é um grande motivo. E pra, talvez, gerar alguma transformação com benefícios pra vida de todo restante. Grandes mudanças sociais sempre aconteceram assim.

Informação por informação não tem finalidade, penso eu. Informação, pra ser válida, há de gerar reflexão, conhecimento, mudança de postura, atitude.
Mas pra vida da grande massa (e nisso eu também me incluo, de certa forma), a sensação é de conformismo. A vida é assim mesmo, o que se há de fazer...
E venho aqui novamente falar um pouco mais do mesmo (vide meu último post): questão de valores culturais.   

A responsabilidade desse quadro não está somente dentro das redações dos jornais, nem a solução unicamente nas salas de aula.

A mudança está nelas sim, com uma alteração profunda de valores, princípios e procedimentos. Parte delas, mas também está no trajeto entre um espaço e outro. Está em mim, em você, em nós.

Iniciando nelas - e em mim, em você, em nós - vai pra rua, pra avenida, passa pelo café na padaria, no bate-papo com um conhecido de longa data, corre pro escritório, vai pro almoço num self-service com colegas de trabalho, vai pro supermercado numa conversa rápida com a operadora de caixa, segue numa conversa com a mãe de um amiguinho de escola do filho. Vai pra vida.

Como já aprendemos um dia lá atrás, alterando-se as bases, altera-se um objeto, um cenário. Alterando mentalidades, muda-se uma casa, uma rua, um caminho, um bairro, um país, uma história.

Será que os atuais princípios e meios vêm valendo os fins? 





terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mudança de dentro pro mundo

Houve um tempo em que elas foram consideradas perda de tempo, futilidade. Empresas e escolas se esforçavam pra proibir. E jovens, principalmente, se esforçavam pra burlar essas imposições.

Foi uma revolução. Falando somente a partir da minha própria vivência e memória, data de 2004, quase dez anos atrás.

Era um nome meio esquisito. Talvez por isso, a princípio, era considerado coisa de mulecada jovem e nerd.

No auge, lembro-me que passou até no Jornal Nacional. E hoje simplesmente caiu no esquecimento. Foi impiedosamente substituída por outras, mais arrojadas. Ou orkutcídios em massa.

A proposta inicial do Orkut era pra ser um site de relacionamento onde pessoas tivessem com quem compartilhar, através dessa rede, interesses em comum, pessoais ou profissionais. Lá, pessoas que gostassem de Caetano ou É o Tchan, tivessem gosto por ruivas ou questões profissionais pra compartilhar poderiam se unir em “comunidades” e trocar ideias, expor dúvidas, opiniões. Enfim, se relacionar com pessoas por meio do computador.

O que antes era possível somente através de meios de “um” para “um”, por e-mails ou telefonemas, transformou-se numa comunicação de “um” para “muitos”, e de “muitos” para “muitos”, ou multidirecional, formando uma imensa “rede”.

Nessa brincadeira, empresas começaram a perceber o grande potencial das redes para fazer publicidade, expandir seus negócios, chegar ao consumidor. E o que antes era somente entretenimento ou de interesses profissionais adquiriu status, realizando grandes transformações na dinâmica comunicacional da sociedade.

A forma de produzir e consumir informação também mudou radicalmente. O que antes era tarefa e poder dos meios de comunicação, único e exclusivo, passou a ser possível ao cidadão comum. 

Com a ampliação da oferta de aparelhos celulares com câmeras e acesso à Internet ampliou também a concorrência, gerando diminuição dos preços. E a partir daí qualquer pessoa com um celular com câmera na mão poderia fazer um registro de um acontecimento e publicá-lo na rede. 

Esse novo momento da comunicação foi chamado por alguns estudiosos da área de “era da mobilidade”, ou “era da conexão”.

No entanto, o que a primeira vista pode ser interpretado como revolução social traz algumas consequências inegavelmente negativas. Primeiramente, nesse contexto, é muito difícil distinguir uma informação de credibilidade de um simples fragmento de um acontecimento mais amplo, uma impressão.

Segundo: nessa era, a quantidade de informações que chega até nós é tamanha que fica cada vez mais difícil compreendermos uma determinada notícia dentro de um contexto maior, não meramente como um fato isolado. Mais complicado ainda é transformarmos tudo isso em algum conhecimento válido pra nossa vida real, ou algo de útil pra nossa vida cotidiana, o que também pode ser nomeado sabedoria. 

Nesse mar de informações, estamos cada vez mais sendo levados pela correnteza. E morrendo na praia.

Se cada um de nós, cidadãos comuns, usarmos as redes de forma crítica e selecionarmos aquilo que é do interesse ou necessário pra nossa própria vida, já é um grande feito. No entanto, o potencial de uma sociedade conectada em rede é muito maior que isso, se soubermos utilizá-la bem. 

Nesse sentido, muitos falam em transformação social por meio das redes. E algumas iniciativas já estão comprovando que isso pode ser possível na prática, mas mostrando também que não basta somente a ferramenta. O essencial são as ideias, o desejo de ação e transformação do ser humano do outro lado da tela.

Uma das ideias das mais bacanas que surgiu nos últimos tempos com a proposta de possibilitar ao cidadão fazer jus a esse título por meio da Internet foi o portal “Cidade Democrática” (www.cidadedemocratica.org.br).





Nele, nós, pessoas comuns, podemos participar cobrando prefeitos de promessas realizadas, propondo sugestões para melhoria de nossos bairros e cidades, divulgando problemas, trocando com outras pessoas que moram em nossas proximidades (ou não), ajudar e ser ajudado no aperfeiçoamento de ideias, apoiar e ser apoiado, gerando força. E gestores públicos podem utilizar a plataforma para trocar com os moradores de suas localidades, conhecer suas necessidades, anseios, atuando todos em sistema de colaboração em prol do bem comum.




Tudo isso pode parecer – e ser mesmo – muito bonito e bacana. No entanto, acredito que se não houver alguns elementos principais, que orientam todo esse movimento, uma real transformação social por meio das redes é impossível.

Instrumentos são simplesmente instrumentos. Só adquirem sentido a partir do ato humano. Da mesma forma, uma rede social só traz mudanças efetivas numa sociedade se houver o desejo verdadeiro dos envolvidos.
E essa motivação que vem do íntimo só é possível, penso eu, por dois caminhos: ou é da própria natureza do ser humano, daquele que nasce com um justiceiro dentro de si, ou por identidade cultural. 

Pra uma plataforma como essa cair no gosto do povo e mostrar ao que veio, sentimentos de engajamento, empatia, patriotismo e pertencimento devem compor as bases dentre os valores de uma sociedade.

Estamos no caminho? A partir de iniciativas pontuais de alguns engajados por aí - como o próprio Cidade Democrática - que se juntam e tomam força, acredito que sim. Mas a transformação efetiva, generalizada e, portanto, consistente, só se dará a partir da transformação de mentalidades, possível unicamente por três caminhos: ensinamentos na escola, atitudes no trajeto e exemplos práticos em casa.


Fonte: facebook.com/cidadedemocratica








terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tempo de colheita

Terça-feira de Carnaval. Como regra básica da semana, cá estou eu, um pouco mais lentinha do que o normal, resultado de uma semaninha de férias na Bahia (sem nenhuma referência e com todo o respeito aos baianos, que me receberam tão bem por lá! Sair de férias, por si só, dá nisso). É, como diria minha vó, "tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas tá na hora de cuidar da vida". (rs.)

Confesso que essa semaninha fora desapeguei totalmente de todos meus compromissos aqui em São Paulo. Relaxei a mente e esqueci da vida literalmente, embora dessa vez havia um componente diferente em pleno solzão e marzão das praias da Bahia: as fotos no Facebook. 

De verdade, eu nunca imaginei um dia que de um aparelhinho de celular eu pudesse compartilhar com meus amigos daqui do ABC e São Paulo, instantaneamente, todas aquelas belezas-coisas-lindas-de-Deus. E, em momentos de ócio criativo, eu pudesse dividir meus devaneios originados em cenários paradisíacos como aqueles.

E só lá eu pude perceber em como por conta da correria do dia-a-dia há tempos eu não ia à praia. E como eu precisava de toda aquela sensação boa, de descanso pra cabeça, de sair de cena pra voltar renovada. 

Também pensei em como falta esse tipo de experiência pras crianças da "cidade grande" com mais frequência: brincar na água, carregar baldinho, caçar conchinhas, fazer castelo de areia. Isso vai dar um texto futuramente, com toda certeza.

Mas hoje to aqui pra dividir com vocês uma conquista, resultados de anos de trabalho duro, pra mim tão grande e tão preciosa quanto a beleza daqueles verdadeiros paraísos que visitei. Essa foi minha única questão profissional que levei de São Paulo durante minha estadia lá.

Dia 05/02/2013 eu estava em Trancoso. De todas as praias, esta pra mim é a mais bonita. Mesmo num cenário como aquele, minha cabeça não saía daqui do ABC. Neste dia sairia minha primeira coluna sobre Educação na Revista Merc News, de grande credibilidade aqui na região.

Eu estava muito ansiosa. Queria ver com meus próprios olhos, e não aguentaria chegar em São Paulo só depois de cinco dias pra conferir. Cheguei a tardezinha no hotel e meu celular, que não é dos mais modernos em termos de Internet, não abriu a página da revista digital.

Corri na recepção pra locar um netbook. Nem aguentei subir pro quarto, abri lá na recepção mesmo, tamanha ansiedade. E lá estava, o resultado de anos de trabalho, lá, concretizado, um sonho que sempre tive, falar diretamente com as pessoas sobre aquilo que penso ser a principal ferramenta pra verdadeira transformação de uma sociedade: Educação. Educação onde ela verdadeiramente começa, em casa. Educação baseada em bons valores, em cultura, em diálogo, em reflexão e atitude. 

Não consegui conter as lágrimas.

De repente, percebo que algumas pessoas na recepção me olham com cara de interrogação. Tudo valeu e vem valendo muito a pena (até o pequeno mico momentâneo...rs).

Pra quem não teve a oportunidade de ler, aqui vai o link: http://www.mercnews.com.br/sitenovo/revistadigital/ed211/p16.jpg



Espero que curtam! :)







terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jogo sem fim (ou Daquela manhã de domingo)


Uma das coisas que mais me fazem felizes na vida são manhãs de domingo. Pra mim, em toda manhã de domingo o aroma do café é mais gostoso, e o Sol brilha mais bonito.

Pra mim, toda manhã de domingo traz consigo uma alegria sem motivo especial, uma renovação de fé, fé nos planos, na vida, uma paz dentro do peito de que tudo já deu certo, de alguma forma.

Domingo de manhã é o dia em que vou ao parque aqui do meu bairro, o Parque Regional, que na minha infância já foi chamado de Palhaço Estremelique, pra caminhar, caminhar, caminhar e, quando cansar, sentar pra ver pais e filhos jogar bola. É a forma que encontrei pra relaxar a mente dos desafios da semana.
Mas naquela manhã de domingo não houve jogo de futebol entre pai e filho.

Naquela manhã de domingo houve somente o choro de centenas de pais por muitas partidas perdidas que ainda estavam por vir. 

Naquela manhã de domingo crianças, que estavam na fase do avançar uma casa, não tiveram a chance de terminar o jogo, com dignidade até o fim, porque foram roubadas. Roubadas as suas oportunidades. De perder, de tentar, de perseverar, de cair e levantar, de tentar de novo, de quase desistir, mas se reerguer, de superar, de perder de novo, de aprender, de ganhar. 

Num jogo decente, ganha quem tem a melhor estratégia. Mas querer vencer a base da força é desleal, não é jogo. É roubo.

E nesse jogo, 231 vidas foram roubadas. De forma cruel e por razões banais.

Agora, pais e mães de 231 crianças nunca mais poderão jogar junto com seus filhos, nem ver seus filhos jogar. E perder, e tentar, e perseverar, e cair e levantar, e tentar de novo, e quase desistir, mas se reerguer, e superar, e perder de novo, e aprender, e ganhar. E viver.


PS.: próxima terça-feira, 05/02, não haverá postagem. Estarei em viagem sem acesso ao computador.





terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Lição dos mares

É Janeiro! Verão, Sol, mar... mês de férias da garotada e época em que as praias brasileiras lotam.

Mas infelizmente lotam e não é só de pessoas. Esse também é o período em que uma de nossas maiores riquezas naturais são invadidas por lixo de todo tipo: garrafas e sacolas plásticas, cascas de coco, comida, latas de alumínio... enfim, uma infinidade de resíduos que colocam em risco não só nossa saúde como a vida de toda espécie marinha.

E foi pensando nisso que o Tamar, organização de preservação das tartarugas marinhas, promove com crianças e adolescentes iniciativas de limpezas das praias e coloca na prática aprendizados de Educação Ambiental.




Essas atividades acontecem principalmente nas praias da Bahia, Espírito Santo, Sergipe e São Paulo. 

Uma outra ação que também busca a conscientização das pessoas sobre o problema acontece todos os anos no terceiro sábado de setembro. Nesse dia, nomeado de "Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias" e realizado desde 1986 pela ONG americana The Ocean Conservancy, são realizados mutirões de limpeza nas praias também envolvendo crianças e adolescentes e palestras sobre o tema para o público em geral.







E pra fortalecer ainda mais os conceitos junto à garotada, o Tamar criou a “Galera da Praia”, tirinhas em formato de quadrinhos com histórias lúdicas e divertidas que abordam todas as causas que a ONG atua, desde poluição dos mares, desova de tartarugas marinhas, fotopoluição (luzes artificiais que confundem as tartaruguinhas que acabaram de nascer onde, ao invés delas irem para o mar, vão em direção às luzes e podem morrer).





Novas tirinhas são publicadas todos os sábados no portal ibahia.com.

Outra região de praias que também realiza ações de conscientização com crianças e adolescentes é o Guarujá, litoral sul de São Paulo.

Com o projeto intitulado “Tira o Lixo, põe o bicho”, do Núcleo de Informação e Educação Ambiental, na praia do Tombo, crianças de 03 a 10 anos aprendem por meio de palestras e teatros com professores do curso técnico de Meio Ambiente sobre preservação do ecossistema dos litorais e as ameaças que o homem causa a natureza.




A parte mais legal da história (na minha opinião, e acho que das crianças também!), é o teatro interativo. Nele, elas são convidadas a participar do enredo tirando lixos de um painel e colocando animais de espécies marinhas.




Uma parte muito importante disso tudo é que o Núcleo fica bem de frente pro mar. Assim, o aprendizado torna-se mais significativo pra criançada.






Podem participar das atividades crianças de 03 a 10 anos de idade da comunidade em geral e turistas.





Uma outra ação muito bacana com essa mesma pegada aconteceu em Salvador, na Bahia, mais especificamente com crianças de uma escola próxima à Praia Porto da Barra.

Tudo começou porque um frequentador começou a perceber o quanto aquele belo cenário vinha sendo invadido por lixo de toda espécie. Por isso, ele, que também é pesquisador em Geologia Ambiental, Hidrogeologia e Recursos Hídricos resolveu colocar o pé na areia literalmente e fazer uma pesquisa com os frequentadores do espaço pra saber qual era o perfil do público que frequentava aquela praia, e disso tentar encontrar soluções para o problema.




Daí ele constatou que a maioria frequentadora do local eram moradores da região. Foi quando ele recebeu sugestões dos próprios banhistas pra fazer ações educativas sobre a problemática em alguma escola próxima àquela praia.
Seguiu-se então para a escola, e o projeto foi totalmente abraçado pelos professores e alunos envolvidos. Participaram da empreitada 28 crianças do 3. e 5. ano do Ensino Fundamental.

A partir de abordagens teóricas, práticas e lúdicas, atividades como pesquisas realizadas pelas crianças com vendedores de praia e funcionários de limpeza pública com experiência em praias, construção de painéis com lixos coletados em mutirões realizados por eles e oficinas de reutilização do lixo permearam todo o projeto.

Ao final, uma exposição com todo o material produzido pelas crianças, além de exibição de fotos e vídeos fecharam a tarefa com maestria.




Embora iniciativas incríveis, que no futuro nenhuma praia precise ser limpa, mas se mantenha sempre assim como ela é: bonita por natureza.


Fonte:   tamar.org.br
            globalgarbage.org
            guaruja.sp.gov.br
            maiseducacaoguaruja.blogspot.com.br