Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jogo sem fim (ou Daquela manhã de domingo)


Uma das coisas que mais me fazem felizes na vida são manhãs de domingo. Pra mim, em toda manhã de domingo o aroma do café é mais gostoso, e o Sol brilha mais bonito.

Pra mim, toda manhã de domingo traz consigo uma alegria sem motivo especial, uma renovação de fé, fé nos planos, na vida, uma paz dentro do peito de que tudo já deu certo, de alguma forma.

Domingo de manhã é o dia em que vou ao parque aqui do meu bairro, o Parque Regional, que na minha infância já foi chamado de Palhaço Estremelique, pra caminhar, caminhar, caminhar e, quando cansar, sentar pra ver pais e filhos jogar bola. É a forma que encontrei pra relaxar a mente dos desafios da semana.
Mas naquela manhã de domingo não houve jogo de futebol entre pai e filho.

Naquela manhã de domingo houve somente o choro de centenas de pais por muitas partidas perdidas que ainda estavam por vir. 

Naquela manhã de domingo crianças, que estavam na fase do avançar uma casa, não tiveram a chance de terminar o jogo, com dignidade até o fim, porque foram roubadas. Roubadas as suas oportunidades. De perder, de tentar, de perseverar, de cair e levantar, de tentar de novo, de quase desistir, mas se reerguer, de superar, de perder de novo, de aprender, de ganhar. 

Num jogo decente, ganha quem tem a melhor estratégia. Mas querer vencer a base da força é desleal, não é jogo. É roubo.

E nesse jogo, 231 vidas foram roubadas. De forma cruel e por razões banais.

Agora, pais e mães de 231 crianças nunca mais poderão jogar junto com seus filhos, nem ver seus filhos jogar. E perder, e tentar, e perseverar, e cair e levantar, e tentar de novo, e quase desistir, mas se reerguer, e superar, e perder de novo, e aprender, e ganhar. E viver.


PS.: próxima terça-feira, 05/02, não haverá postagem. Estarei em viagem sem acesso ao computador.





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