Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Da horta pro prato

O destino das nações depende do que e de como as pessoas se alimentam.

Essa frase, de um grande especialista em gastronomia da França, Brillat-Savarin, paradoxalmente, resume a amplitude de um dos assuntos que mais me interessam nessa vida: a alimentação, não só em termos do que comer para manter a boa saúde, como também em aspectos econômicos, sociais e culturais.

Comer é uma das necessidades humanas básicas, assim como beber, dormir e respirar.

Em tempos que muitas das chamadas doenças modernas (como obesidade, câncer e hipertensão) estão vinculadas diretamente ao nosso estilo de vida, em especial à nossa má alimentação, cheia de químicas e agrotóxicos, um sistema de hortas orgânicas em plena cidade grande pode ser considerado quase que um patrimônio.

E já acontece na cidade de São Bernardo do Campo. Lá, a população dispõe de três hortas mantidas por agricultores familiares em espaços cedidos pela prefeitura da cidade onde, desocupados, eram feitos de lixões irregulares e proliferavam doenças.

Leguminosas e hortaliças podem ser compradas diretamente dos produtores, fresquinhas, sem agrotóxicos e uma infinidade de produtos químicos, além de possíveis danos provenientes do transporte de carga.

                                 Horta orgânica da cidade de São Bernardo do Campo

Por ser comprada diretamente da terra, é disponibilizado ao comprador os cultivos dentro da sazonalidade e o preço também é bem interessante em comparação com o mercado.

Os produtores recebem capacitação profissional e assim incluem-se no mercado de trabalho e geram renda.

Para o município, também é mais vantajoso financeiramente manter um projeto como esse do que a limpeza periódica do espaço se estiver baldio.

Exemplos como esse acontecem também em outros lugares, como em Santana de Parnaíba. Lá, quem concretizou essa ideia foi a União dos Moradores do bairro Cidade São Pedro. 

Uma horta comunitária feita com materiais recicláveis e a nobre missão de oferecer alimentação saudável e de baixo custo à população foi realizada no próprio terreno da associação.




   Horta comunitária da União dos Moradores da cidade São Pedro, em Santana de Parnaíba

Posso dizer que eu, Vanessa, acho mais legal ainda quando projetos assim são demanda da própria população e envolvem, paralelamente, ações educacionais. 

Em Fortaleza, as hortas comunitárias foram concretizadas através do Orçamento Participativo da comunidade dos bairros Alagadiço Novo e Planalto Airton Senna, onde a comunidade participa das decisões acerca do destino dos recursos públicos.

O Projeto “Hortas de Fortaleza” atende direta e indiretamente mais de 180 pessoas e oferece capacitação profissional aos produtores, abordando temas como Educação Ambiental, Agricultura Urbana, Segurança Alimentar, Importância das Hortaliças e Plantas Medicinais, Reciclagem e Reaproveitamento de Resíduos Sólidos e Orgânicos. 

E, se o problema é espaço, olha só que ideia bacana teve o pessoal da Emeif Dorival Faria, no bairro Jardim Tupanci, em Barueri. 

Uma horta vertical orgânica, como essa abaixo, construída em tambores doados por uma empresa vizinha à escola e terra fornecida pela Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente de Barueri, onde é cultivado pepino, alface, cheiro verde e couve.
                        






A comunidade também pode visitar a horta da escola e aprender a adaptá-la em garrafas pet.

Mais que alimentação saudável, todos esses exemplos dá a população a oportunidade de ver concretizada uma demanda própria, e fazer uso dela no seu dia-a-dia. De verdade. 

Isso é inclusão social.


Fonte: www.saobernardo.sp.gov.br
            blog.institutobrookfield.org.br
            www.fortaleza.ce.gov.br
            www.barueri.sp.gov.br

        





domingo, 12 de agosto de 2012

Lixo educativo

A criatividade humana bem direcionada é mesmo incrível.

Navegando pela Internet, assim, despropositadamente, me deparo com uma imagem que representa o poder de re-, co- e criação do ser humano. E mais, de encontrar possibilidades das mais impensáveis a partir de uma necessidade.

Uma organização sem fins lucrativos da Guatemala estimula habitantes de povoados carentes do país a construírem juntas escolas feitas de garrafa pet. É isso mesmo, uma instituição de ensino levantada a partir de garrafas pet que teriam o lixo como destino final. Ou os rios, mares e queimadas indiscriminadas...

O processo é assim: crianças são orientadas a recolher todo tipo de lixo inorgânico, como isopor, sacos plásticos e de chips. E encher as garrafas com esses materiais até que fiquem duras como tijolos.


Crianças enchendo as garrafas recolhidas


Depois, os “tijolos” são colocados entre arames e revestidos de cimento.

                                                           Parede da escola



Revestimento com cimento


Essas matérias-primas principais são adquiridas de fornecedores locais, estimulando e gerando impacto direto na economia da comunidade.



                Comunidade participando ativamente do processo de construção de uma escola


Além de ser uma alternativa bem mais barata do que os tradicionais blocos de concreto e ajudar na preservação ambiental, as escolas de garrafa mantém a temperatura ambiente.





Escola concluída


Uma iniciativa dessa bem mais próxima da gente aconteceu na cidade de Itajaí, em Santa Catarina.

Alunos de uma universidade, juntamente com alunos, pais e voluntários da comunidade construíram uma sala de garrafas pet, nomeada de Sala para Ecoformação da Comunidade Escolar.

O espaço é destinado para contação de histórias e aulas de educação ambiental.







O mais bacana disso tudo é que, mais que escolas, esse projeto possibilita às pessoas envolvidas, especialmente para as crianças, um novo olhar sobre o lixo e o meio ambiente, além de fortalecer o sentimento de comunidade e de ser capaz de gerar soluções criativas para seus desafios reais. 

            hugitforward.org
            novo.itajai.sc.gov.br