Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 17 de julho de 2012

De Utilidade Pública

Foi a partir das histórias contadas pelos mais velhos que pudemos ingressar no universo abstrato dos símbolos, das representações, de outros seres e outras vidas, saindo do reduto do nosso “próprio umbigo”, o mundo das possibilidades palpáveis e concretas, para o das possibilidades infinitas. Para o viver, no mais amplo sentido da palavra. 

Por isso, divido aqui algumas iniciativas incríveis, idealizadas e concretizadas por pessoas comuns, que viabilizam a muita gente o acesso a toda essa riqueza de possibilidades. 

Pessoas como o Robson, um ex-morador de rua criador de uma biblioteca itinerante que, a bordo de uma bicicleta, leva histórias, cultura e conhecimento para o centro da cidade de São Paulo, a Bicicloteca.

                       Fonte: facebook.com/bicicloteca


Além de livros, a “magrela” também disponibiliza Internet para a população com uso de energia solar. Mais que cultura e conhecimento, a bicicloteca leva consciência ambiental e social.



                           Fonte: facebook.com/bicicloteca


No município de Amambai, em Mato Grosso do Sul, um carrinho de pipoca foi transformado em biblioteca itinerante dentro de uma escola estadual. Batizado de “O saber em três rodas”, o projeto foi desenvolvido após a coordenadora de Língua Portuguesa do colégio identificar alunos com dificuldade em leitura e interpretação de textos. 

Os alunos foram divididos em grupos de acordo com seu nível de capacidade de leitura e interpretação e, sob orientação de um professor e da coordenadora, cada aluno escolhe um livro do carrinho para ler. Além disso, é realizado um rodízio semanal para a escolha da turma que fará a leitura ao redor do veículo. 

Uma forma lúdica, criativa e divertida para estimular crianças com dificuldades de aprendizagem. 


                        Fonte: Boris Valerio Verbisck/Divulgação


Um caixote, alocado em cima da garupa de uma bike, leva histórias, conhecimento e lazer à crianças, jovens, idosos e pessoas hospitalizadas. 
Dois jovens do município de Coruripe, em Alagoas, promovem o acesso à leitura em escolas, casas, praças públicas e hospitais, conduzindo o processo por meio de música, teatro, danças e outras formas de expressão artística.

                        Fonte: Ascom Coruripe

Esse é o projeto “Pedaladas do Conhecimento” que, com o apoio da Secretaria de Cultura do Município (quem cedeu os livros), promove saber, diversão e arte aos povoados carentes da região.

                       Fonte: Ascom Coruripe


A simples tarefa de esperar ônibus em algumas ruas dos bairros de Porto Alegre alia diversos significados do conceito de espaço público: intervenção urbana, cultura e espírito colaborativo. 

Nos espaços das paradas antes destinados à publicidade, agora, estantes de livros. 

Desde 2008, um projeto independente disponibiliza livros aos que precisam aguardar pelo meio de transporte. 

                                                Fonte: estantepublica.com.br

Após dois anos, o projeto foi contemplado com o apoio da Bolsa de Estímulo em Artes Visuais, e mais bibiliotecas públicas foram instaladas na cidade. E na era das redes sociais, o projeto ganhou uma página no Twitter, onde usuários podem compartilhar com outros usuários suas experiências com as estantes. 

 “Os materiais colocados na Estante são de uso público, porém a responsabilidade sobre eles é de cada um. Não há câmeras, não há guardas, não há grades… Este ambiente alimenta uma relação aberta com seus visitantes. Para participar basta se deixar levar pela curiosidade e, com atitude colaborativa, permitir que algo do seu íntimo fique”. (http://www.estantepublica.com.br/site/) 

Resgatar a cultura do município e valorizar manifestações artísticas locais era o sonho de um grupo de pessoas de Simões Filho, na Bahia. 

A realização desse ideal se deu com a conquista de um espaço para construção de uma biblioteca comunitária. 

Através de campanhas boca-a-boca, entre parentes, amigos e vizinhos, muitos livros foram arrecadados. No entanto, tempos depois, o espaço destinado à biblioteca precisou ser desocupado. Foi então que, de um estudante do curso de design, surgiu a ideia de montar uma biblioteca itinerante com utilização de materiais reaproveitáveis.

                                  Fonte: bibliocicleta.com.br


Surgiu então a “Bibliocicleta” que leva mais que livros: leva cultura de forma gratuita para pessoas de todas as idades, especialmente em locais onde o acesso ao conhecimento mostra-se escasso.

                                  Fonte: bibliocicleta.com.br

Em tempos que temos em média dois aparelhos celulares para cada habitante, uma ideia simples e incrível leva cultura e dá nova função às aposentadas (?) cabines telefônicas, além de renovar a paisagem da cidade.

 
                                  Fonte: menosumnaestante.com

O idealizador do projeto, John Locke, pretende renovar a função de 14 mil cabines como essa, na cidade de Nova York. E pra reforçar o verdadeiro conceito de “público” entre a população, esse formato de compartilhamento de livros permite que a população pegue e leia, pegue e leve pra casa, abasteça com novos livros. Com consciência e responsabilidade. Utilidade pública. Literalmente.