Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 27 de novembro de 2012

50 tons de luz


Semana passada me deparei com uma cena bastante inusitada no metrô. Uma mulher portando o Best-seller “Cinquenta tons de cinza” encapado com folha de sulfite.

Embora não tenha lido o livro, e tudo o que sei sobre ele tenha chegado até mim por acaso (de verdade!), pois, embora “em alta”, nunca tinha me interessado em saber mais sobre ele. 

Mas aquela cena me fez refletir... por que uma mulher independente, que aparentemente trabalha e ganha seu próprio dinheiro, estaria portando aquela obra encapada? Afim de esconder o quê? De quem?

Penso que a questão principal aí está, ainda, no tabu em relação ao sexo. Segundo Maslow, Psicólogo americano e sua “hierarquia das necessidades básicas”, sexo é uma das necessidades básicas do ser humano, assim como comer, beber, dormir, respirar, abrigar-se e excretar.

Desde a infância, esse é um assunto que ainda hoje gera muitas dúvidas. 
Eu, hoje com 26 anos, cresci sem falar absolutamente nada sobre isso com meus pais. Lembro-me que certa vez fiz à minha mãe uma das perguntas mais comuns dessa fase “como é que os bebês vão parar na barriga das mães?”. Sem resposta.

Uma série de ideias rondavam a minha pequena cabecinha, como eles entrando na barriga (não sei exatamente como!) enquanto as mulheres dormiam.

O problema é que, com as possibilidades de acesso à informação que temos atualmente, muitas vezes totalmente distorcidas e irreais, se os pais não proporcionarem os esclarecimentos em casa sobre o assunto, com certeza crianças buscarão fora, e não se sabem as consequências disso. Além de que, dúvidas, especialmente na mente dos pequenos, sempre são fantasmas no escuro. 

Não é a intenção desse texto ser um manual de “quando seu filho perguntar isso, responda isso”, mas as duas principais ideias: responda somente aquilo que lhe for perguntado e trate do assunto com naturalidade, sem conduzi-lo como algo feio ou para sentir culpa. Lembre-se: a criança está em busca de descobertas, não de malícia.

Desejos são naturais, em todos nós. O que talvez tenha se mostrado naquela capa de livro encapada é que, pra aquela mulher adulta e dona do seu próprio nariz, não tenha ficado claro até hoje o abismo de diferença entre liberdade e libertinagem.