Semana passada me deparei com uma cena bastante inusitada no
metrô. Uma mulher portando o Best-seller “Cinquenta tons de cinza” encapado com
folha de sulfite.
Embora não tenha lido o livro, e tudo o que sei sobre ele tenha
chegado até mim por acaso (de verdade!), pois, embora “em alta”, nunca tinha me
interessado em saber mais sobre ele.
Mas aquela cena me fez refletir... por que uma mulher independente, que aparentemente trabalha e ganha seu próprio
dinheiro, estaria portando aquela obra encapada? Afim de esconder o quê? De quem?
Penso que a questão principal aí está, ainda, no tabu em
relação ao sexo. Segundo Maslow, Psicólogo americano e sua “hierarquia das
necessidades básicas”, sexo é uma das necessidades básicas do ser humano, assim
como comer, beber, dormir, respirar, abrigar-se e excretar.
Desde a infância, esse é um assunto que ainda hoje gera
muitas dúvidas.
Eu, hoje com 26 anos, cresci sem falar absolutamente nada sobre isso com meus pais. Lembro-me que certa vez fiz à minha mãe uma das perguntas mais comuns dessa fase “como é que os bebês vão parar na barriga das mães?”. Sem resposta.
Eu, hoje com 26 anos, cresci sem falar absolutamente nada sobre isso com meus pais. Lembro-me que certa vez fiz à minha mãe uma das perguntas mais comuns dessa fase “como é que os bebês vão parar na barriga das mães?”. Sem resposta.
Uma série de ideias rondavam a minha pequena
cabecinha, como eles entrando na barriga (não sei exatamente como!) enquanto as
mulheres dormiam.
O problema é que, com as possibilidades de acesso à
informação que temos atualmente, muitas vezes totalmente distorcidas e irreais,
se os pais não proporcionarem os esclarecimentos em casa sobre o assunto, com
certeza crianças buscarão fora, e não se sabem as consequências disso. Além de
que, dúvidas, especialmente na mente dos pequenos, sempre são fantasmas no
escuro.
Não é a intenção desse texto ser um manual de “quando seu
filho perguntar isso, responda isso”, mas as duas principais ideias: responda somente
aquilo que lhe for perguntado e trate do assunto com naturalidade, sem conduzi-lo
como algo feio ou para sentir culpa. Lembre-se: a criança está em busca de descobertas, não de malícia.
Desejos são naturais, em todos nós. O que talvez
tenha se mostrado naquela capa de livro encapada é que, pra aquela mulher
adulta e dona do seu próprio nariz, não tenha ficado claro até hoje o abismo de diferença
entre liberdade e libertinagem.