Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Desejo de ano novo


25 de dezembro. Última terça-feira do ano, mais especificamente após o almoço com as sobras da noite passada e de comer até ficar triste (como diria um tio meu..), e cá estou eu pra última postagem do ano.

Desde que me conheço por gente tenho a sensação de que esse é o único dia e momento do ano que não se há absolutamente nada pra fazer... nada pra se preocupar (ou que seja digno de preocupação nessa ocasião), nada de novo na TV que prenda a atenção, só as mesmas reportagens de comilanças, dietas, Papai Noel, crianças...

Um dia, um só dia de excepcional altruísmo, paz e contentamento em meio urbano que só mesmo a energia mágica do Natal é capaz de proporcionar entre todos os 365 dias. E nesse momento de serenidade luxuosa é que todos os anos começo a pensar de verdade as ideias para o ano que está por vir.

Além dos meus desejos pessoais, um dos meus mais sinceros e fortes desejos é pela Educação do Brasil em 2013. Educação com E maiúsculo, para dentro e além das salas de aula. Educação pra vida.

Desejo verdadeiramente que no próximo ano a Educação caminhe rumo à uma Educação que se ocupe não só de livros, quantidades e conteúdos, mas que principalmente habilite a lidar com sensações, sentimentos, com o humano, no sentido mais amplo da palavra.

Desejo que ela siga em direção à uma Educação que inspire, e não castre. E que oriente o movimento.

Desejo que ela avance rumo à uma Educação que possibilite pessoas a transformar informações fragmentadas em significados, em conhecimento útil sobre o mundo e para a vida. Que possibilite transgredir positivamente.

Desejo que ela caminhe para uma Educação que habilite, em primeiro lugar, a amar. A nós mesmos. Ao nosso próximo. A todos os seres viventes na Terra. Que habilite a buscar o progresso sempre, constante e infinitivamente, mas que também ensine a lidar com as nossas falhas e incertezas da vida.

Vibro pela Educação no próximo ano e sempre, porque só a partir dela é que podemos fazer de todos os nossos dias do ano um pouco mais Natal.







terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Educação pra vida

Sabe aquelas músicas que narram sem tirar nem pôr uma situação ou fase da sua vida? Pois é, uma delas na minha vida é do Kid Abelha, "Educação Sentimental II", eu tinha 16 anos (ou 17, 18...?). É, as coisas realmente passam. 

Hoje, alguns aninhos depois, trago ela à tona novamente, mas sob um outro olhar e por outro motivo (Uau, evolução humana, avance uma casa!). Alguns trechos dela:

A vida que me ensinaram
Como uma vida normal
Tinha trabalho, dinheiro, família, filhos e tal
Era tudo tão perfeito
Se tudo fosse só isso
Mas isso é menos do que tudo
É menos do que eu preciso

Agora você vai embora
E não eu sei o que fazer
Ninguém me explicou na escola
Ninguém vai me responder

A quem eu devo perguntar
Aonde eu vou procurar
Um livro onde aprender
A você não me deixar

Hoje, 20 anos depois que essa letra foi escrita - graças a Deus e toda a modernidade a que estamos vivenciando - muita coisa mudou. Ou está em passos largos para.
Uma vida normal pode sim ter um emprego que você trabalha o dia inteiro de pijamas na sua casa, sem precisar sair de sua casa faça-chuva-ou-faça-Sol e bater cartão na empresa todo santo dia.

Uma vida normal pode sim ter família, filhos e tal: mamãe, papai, filhinho. Ou não. Pode ter mamães e filhinho. Papais e filhinho. Ou só mamãe e filhinho. Ou só papai e filhinho.

Mas o que realmente fica evidente nestes trechos é a tão simples e tão sonhada “perfeição” a que as pessoas a seu redor se referiam, naquele momento, era o que ela menos desejava. Que o realmente essencial pra vida dela, o amor que se foi e toda dor que estava sentindo, a escola e os livros não a ensinaram como lidar com toda aquela situação.

Análises de letras de música a parte, hoje, sociedade contemporânea, percebo que existem alguns pequenos movimentos que, com muita sensibilidade na veia, estão percebendo a necessidade de emergirem conhecimentos pra vida. 

Essa é a Educação do Futuro. Colocar conhecimentos teóricos na prática. Fazer sentido. Aprender aquilo que realmente precisamos pra viver bem.
Informação na era Google é simples. A questão é o que fazer com ela.

Nessa empreitada, algumas plataformas bem bacanas - feitas por gente mais bacana ainda – trazem justamente essa proposta: ensinar aquilo que a escola não ensina.
Fritar um ovo sem furar a gema. Trocar um chuveiro. Administrar seu próprio tempo. Quem nunca se deparou com pequenas questões da vida como essas?
Partindo do principio de que todos nós temos algo a aprender ou ensinar nessa vida, a ideia do site “A Grande Escola”: www.agrandeescola.de é justamente unir pessoas que querem ou aprender, ou ensinar, sendo ora aluno, ora professor. Ou só aluno. Ou só professor.

Esse mesmo espírito de colaboração é a essência do Cinese: www.cinese.me
Com cursos que vão de “Jornalismo de Dados”, “Oficina de Poesia”, “Como fazer uma massa perfeita” ou “Encontro de Mulheres Incríveis” e temas que vão de política, cotidiano, Artes, religião e sexo, a plataforma propõe encontros que a gente sempre sai diferente do que entra. Vale muito!

Se você tem uma habilidade incrível que queira dividir com outras pessoas. Ou uma questão que te persegue há tempos e que a escola nunca te ensinou e você nunca teve a oportunidade de perguntar, ir atrás, compartilhar com outras pessoas, quem sabe essa não é a chance.

E como também canta o Kid desde os anos 80, nesses cursos você não vai encontrar a Fórmula do Amor, aquela, a tão procurada com certeza já bem antes desse tempo, que mesmo sabendo o gesto exato e como se deve andar - ainda - não faz nenhum efeito, mas com certeza muita coisa bacana dá pra extrair desses encontros. 







terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ensino Inovador

Confesso, sem nenhuma pretensão de nada, que histórias de superação me chamam a atenção. Em especial daquelas pessoas que tinham tudo pra sentar e chorar: “óh vida, óh céus, oh azar” e encontram, ou mesmo criam oportunidades onde poderia haver só conformismo.

Mas foi bastante desproposital a forma que conheci a história a seguir.
Não sei se pelo colorido da foto (ou será porque meu subconsciente identificou os livros antes da minha consciência?), mas dia desses essa imagem me chamou a atenção de imediato.


Trata-se da biblioteca de uma escola flutuante. Isso mesmo, uma escola - com tudo o que tem direito - montada dentro de um barco, em Bangladesh, país asiático rodeado quase que todo pela Índia.




Equipadas com bibliotecas, salas de aula e computadores e notebooks com acesso à Internet, as vinte barco-escolas movidas por energia solar navegam para levar ensino e conhecimento para crianças moradoras de regiões que tornam-se isoladas em época de chuvas.


Ao todo, quase 88 mil famílias são beneficiadas pela ideia desenvolvida pela ONG Shidhulai Swanirvar Sangstha, que ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais pela peculiaridade e impacto do projeto. 

E além das crianças, adultos também podem frequentar cursos de Nutrição, agricultura sustentável, gestão de resíduos e direitos humanos, disponibilizados por algumas das escolas flutuantes.





Em Bangladesh, oitenta por cento da população não tem acesso regular à energia elétrica. Por isso, o projeto também oferece às crianças lanternas, sem nenhum custo, para que possam continuar seus estudos em casa.



Aqui no Brasil, o SENAI de Amazonas realiza um projeto parecido para comunidades ribeirinhas da região. No entanto, se trata do barco-escola Samaúma, de cursos profissionalizantes. 

Às margens do rio, a embarcação oferece dezessete cursos, entre eles os de mecânica, costura industrial, marcenaria, educação ambiental, panificação e confeitaria e motores marítimos.



O bacana é que os cursos são voltados para a formação de empreendedores, e não apenas formar mão-de-obra nessas áreas.

As atividades realizadas no barco já formaram mais de 33 mil alunos, e atuou também em municípios ribeirinhos do Pará, Roraima e Acre.

Essas experiências levam muito mais que ensino. Levam cidadania, fortalecem a auto-estima dos envolvidos, promovem inclusão. 

E sabe qual a lição mais importante que essas pessoas aprendem por meio dos barcos flutuantes? 
A capacidade de superação frente adversidades.



Fontehttp://www.shidhulai.org
          http://www.fieam.org.br

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma mãozinha tão pequeninha...

O último post desse blog rendeu alguns comentários e conversas. Talvez e justamente por ainda ser um tabu, esse é um assunto que rende até...

Mas um deles me chamou mais a atenção. Uma amiga minha, mãe de uma criança de 05 e outra de 02 anos me disse (referindo-se à criança mais velha): "quando vem com perguntas até dá pra escapar pela tangente. O problema é quando a gente pega nossa bebezinha com a mãozinha lá, e curtindo..."

Num primeiro momento, o pensamento que me veio à cabeça foi: se ela fosse um menino, o espanto teria sido menor?
Mas a primeira pergunta que fiz a ela foi: e você?
Ela: ah, tentei despistar. Chamei ela pra vir ver uma coisa na TV, nem lembro o que era, fiquei sem reação no momento...

É compreensível que esse tipo de cena gere um transtorno na cabeça desses pais. Afinal, como assim, tão pequenininho(a)...
Essa é a reação (ou a falta dela) da maioria dos pais quando flagram seus babys nesse tipo de situação: tentar despistar, chamar a atenção pra outra coisa ou pior, brigar, dizer que isso é feio, que não se faz. 

A questão é que todas essas reações podem trazer problemas a essas crianças futuramente. Mesmo que não chame a atenção nem brigue com ela, somente tentar despistar seu foco para outra coisa pode sim fazer com que a criança entenda que aquilo que ela estava fazendo é feio. 

Brigar, dizer que é sujo, é ruim, pior ainda. Irá gerar um dilema na cabecinha dela como: é feio, mas é bom? Logo, pode acarretar em sensação de culpa e  problemas emocionais e sexuais na vida adulta.

A melhor opção nesses casos é conversar com ela. Dizer que esse tipo de coisa não se faz na frente das pessoas, que é indelicado, que certas coisas não se faz na frente de ninguém, assim como fazer xixi e cocô. E o principal: deixar claro à ela que a infância é um período único em nossa vida e que ela tem muito com o que aproveitar esse momento, fazendo amigos, aprendendo coisas novas, brincando muito...

Se a criança está recorrendo muito à essa prática, pode ser sinal de algum tipo de ansiedade, ou seja, muita energia que ela não está sabendo como direcionar, ou mesmo que ela simplesmente não está se satisfazendo com as suas atividades habituais. Nesses casos, é necessário rever qual é sua rotina e suas formas de entretenimento. 




terça-feira, 27 de novembro de 2012

50 tons de luz


Semana passada me deparei com uma cena bastante inusitada no metrô. Uma mulher portando o Best-seller “Cinquenta tons de cinza” encapado com folha de sulfite.

Embora não tenha lido o livro, e tudo o que sei sobre ele tenha chegado até mim por acaso (de verdade!), pois, embora “em alta”, nunca tinha me interessado em saber mais sobre ele. 

Mas aquela cena me fez refletir... por que uma mulher independente, que aparentemente trabalha e ganha seu próprio dinheiro, estaria portando aquela obra encapada? Afim de esconder o quê? De quem?

Penso que a questão principal aí está, ainda, no tabu em relação ao sexo. Segundo Maslow, Psicólogo americano e sua “hierarquia das necessidades básicas”, sexo é uma das necessidades básicas do ser humano, assim como comer, beber, dormir, respirar, abrigar-se e excretar.

Desde a infância, esse é um assunto que ainda hoje gera muitas dúvidas. 
Eu, hoje com 26 anos, cresci sem falar absolutamente nada sobre isso com meus pais. Lembro-me que certa vez fiz à minha mãe uma das perguntas mais comuns dessa fase “como é que os bebês vão parar na barriga das mães?”. Sem resposta.

Uma série de ideias rondavam a minha pequena cabecinha, como eles entrando na barriga (não sei exatamente como!) enquanto as mulheres dormiam.

O problema é que, com as possibilidades de acesso à informação que temos atualmente, muitas vezes totalmente distorcidas e irreais, se os pais não proporcionarem os esclarecimentos em casa sobre o assunto, com certeza crianças buscarão fora, e não se sabem as consequências disso. Além de que, dúvidas, especialmente na mente dos pequenos, sempre são fantasmas no escuro. 

Não é a intenção desse texto ser um manual de “quando seu filho perguntar isso, responda isso”, mas as duas principais ideias: responda somente aquilo que lhe for perguntado e trate do assunto com naturalidade, sem conduzi-lo como algo feio ou para sentir culpa. Lembre-se: a criança está em busca de descobertas, não de malícia.

Desejos são naturais, em todos nós. O que talvez tenha se mostrado naquela capa de livro encapada é que, pra aquela mulher adulta e dona do seu próprio nariz, não tenha ficado claro até hoje o abismo de diferença entre liberdade e libertinagem. 




terça-feira, 30 de outubro de 2012

Educação vem de berço

Ontem, dia 29 de outubro, foi o Dia Nacional do Livro.

Em tempos a quem alguém um dia nomeou de “revolução digital”, pode até parecer de certa forma estranho que a comemoração desse dia tenha sido bastante difundida nas redes sociais. 

É. A quantidade de informação a que temos acesso atualmente via Internet pode nos fazer pensar sobre qual o papel dos livros na nossa atual sociedade. Afinal, conteúdo, para nós – conteúdo no mais simples significado da palavra - não falta. Sobra. (vale lembrar aqui também que, embora a conexão por Internet banda larga tenha se difundido em larga escala nos últimos anos, muita gente ainda não tem acesso à ela).

Especialmente quando se trata de Educação, qual é a relevância dos livros na formação dessa nova geração de crianças e jovens, que já nasceram conectados e com acesso à diversos recursos tecnológicos? Diante da quantidade de informações a qual estamos expostos diariamente, como esse público organiza, assimila tudo isso?

Podem parecer somente inquietações de educadores e pedagogos, mas não é. Ou não deveria ser. Afinal, mais a fundo, estamos falando em formação de sociedade, formação de seres humanos em todos os sentidos: cultural, intelectual, social e emocional. Formação de vidas. Pra vida.

Livros de histórias, contos, lendas, fábulas são importantíssimas para o desenvolvimento da inteligência do ser humano – o que nós Pedagogos chamamos de cognição - e para o seu reconhecimento como ser inserido num determinado contexto social e cultural.

Quem de nós não se lembra das famosas histórias dos Irmãos Grimm, Chapeuzinho Vermelho, a Bela Adormecida, Branca de Neve, ou das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica... podem parecer somente entretenimento, mas não são. Por meio delas, e de tantas outras, pudemos adquirir conhecimentos sobre regras e valores para convivência em sociedade, desenvolver gradualmente conceitos abstratos de situações concretas - as chamadas “moral da história” - e de noções de símbolos.

A criança é um ser em fase de descoberta de quem é si mesmo, de suas possibilidades e do mundo que o cerca. Por isso, é muito importante até para os bebês o contato com o mundo letrado, com livros destinados para a faixa etária deles. Livros de banho, de imagens e sons os ajuda a desenvolver habilidades como coordenação visomotora (controle de olhos e mãos), controle manual, percepção visual e auditiva e reconhecimento gradual de cores e formas.

Mas o principal é que os pais leiam para os bebês: poemas, histórias com músicas e muita repetição. Eles adoram! Além disso, desenvolve-se gradualmente a percepção sensorial, a construção da inteligência, memória e linguagem.

Já com crianças maiores, ler histórias infantis e infanto-juvenis pode auxiliá-los a compreenderem melhor o mundo em que vivem, a formular hipóteses e pensar criticamente.

Mais do que simplesmente ler uma história para uma criança, pais podem promover momentos de discussão sobre essas histórias, pensando juntamente – e não para elas – sobre situações e atitudes dos personagens, como agiriam no lugar deles, sem nunca inserir julgamentos e juízos de valor dos adultos.

O intuito é desenvolver nas crianças seu próprio senso crítico-reflexivo sobre as coisas que o cercam, sua capacidade de comunicação e expressão verbal, sua autoconfiança para expor suas opiniões e, o mais importante, refletir com elas sobre a relação ato e consequência de ações e atitudes. Orientar é isso, não desenvolver em crianças sentimento de medo e culpas por valores ditos morais sem embasamento algum e correlação com a realidade.

As novas tecnologias são recursos que vieram para agregar ganhos para a humanidade. No entanto, muito mais importante do que a quantidade de informações que temos acesso nos dias de hoje, é o uso que fazemos delas em nossa vida. Pra nossa vida.

Digital ou papel: o que importa mesmo é o ser pensante do outro lado da tela. Ou da folha.



terça-feira, 23 de outubro de 2012

...e por falar nisso...


...disponibilizo aqui esses dois vídeos que mostram bem como podemos aproveitar as partes dos alimentos que geralmente jogamos fora, tanto em receitas, como em forma de compostagem (adubo caseiro). 

Mesmo pra quem mora em apartamentos, a compostagem é uma dica bem da boa pra alimentar nem que seja manjericãozinho plantado na garrafa Pet. :)





E nas minhas naveganças pelo Youtube, encontrei esse infográfico da Revista Galileu - do qual captei algumas informações do meu último post, em formato de texto – que traz maiores informações sobre a problemática em escala global.

Penso que três vídeos pra um mesmo post é muita coisa, mas a pessoa ansiosa quer compartilhar tudo o que vê pela frente (mal de tempos facebookianos?). Agora.

Em busca do autocontrole.






terça-feira, 16 de outubro de 2012

Comer, comer


E é o universo a nosso favor.

Aos 45 do segundo tempo, em busca de um tema para o blog, eis que descubro via Facebook (precisava mesmo falar?) que hoje, 16 de outubro, é o Dia Mundial da Alimentação.

Como já cantei anteriormente por aqui, esse é um dos assuntos que mais me interessam em vida: comer. E como diria Ronnie Von (sou fã, confesso!) é o único prazer que podemos ter três vezes ao dia. Adoro! (Os dois).

Uma comidinha simples, bem feitinha, fresca e bem temperada, tem coisa melhor? Mas, na nossa vida louca vida, por diversas vezes temos que apelar, por questão de praticidade e tempo mesmo, pros enlatados e industrializados da vida, e levar de brinde pro nosso organismo todos os males que seria desnecessário aqui me aprofundar.

Mas existe solução pra isso? Se sim, qual?

Difícil. Ainda mais na nossa realidade, onde cada vez mais a população das grandes cidades reside em apartamentos, ter cada um sua própria horta não seria uma alternativa possível. Embora, como já postei aqui, acredito no poder das hortas urbanas como uma possibilidade (não solução para todos os males, é claro!) de melhorias concretas para o desenvolvimento e saúde e bem-estar de uma região.

Mas de verdade, mais do que os industrializados, que acredito se houver desejo real ainda conseguimos dar alguns jeitinhos (sem fazer milagres, obviamente, a não ser que quisermos irmos todos embora viver no campo, e olhe lá!), o que mais me incomoda sobre esse assunto é nossa cultura já enraizada do paradoxo abundância e desperdício de alimentos. E daqui me pautarei em fontes de alta credibilidade e números. É necessário.

Segundo uma pesquisa que realizei há um tempo atrás, o Brasil disputará nos próximos dez anos a produção de alimentos com os Estados Unidos, consolidando-se como uma potência agrícola ("Projeções do Agronegócio 2010/11-2020/2021", divulgado em 14 de junho de 2011 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA). Além disso, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), nosso país produz 25,7% a mais de alimentos do que nossa população necessita.

Por outro lado, segundo dados apresentados pelo IBGE, de 2009, 11,2 milhões de pessoas sofrem da chamada "insegurança alimentar grave" no país. Traduzindo: toda essa quantidade de pessoas ficou sem comer pelo menos algum dos 90 dias anteriores à realização da pesquisa. Não fizeram sequer uma das três refeições mínimas diárias recomendadas.

Além desse quadro paradoxal de abundância e carência, o Brasil é um país onde se joga muita comida passível de ser consumida direto na lata do lixo, tanto as partes chamadas "não-convencionais" dos alimentos - cascas, talos, folhas e sementes - como aquele resto de comida que ficou na panela.

Uma pesquisa da Universidade de Botucatu comparou as propriedades das partes não-convencionais de diversos alimentos com as polpas delas. E comprovou que, por exemplo, o abacaxi possui mais fibras na sua casca do que na própria polpa. Já a beterraba possui mais ferro e potássio em sua folha do que na polpa. A couve-flor possui quantidade significativamente maior de ferro na folha do que na flor, e o brócolis no talo do que na flor. 
E mencionou algumas possibilidades de preparo que, com um pouco de criatividade da nossa parte, daria pra se estender muito mais com certeza.

Pois é. Esses são somente alguns pouquíssimos exemplos daquilo que na verdade já sabíamos: o quão desperdiçamos alimentos que não só podíamos, como devíamos consumir. Por comodidade? Sim, acredito que sim.

Por não termos por cultura o (bom) hábito de utilizar o alimento "por completo", muitas vezes nem chegamos a ter acesso a ele in natura já no momento da compra.

Além de tudo isso, a questão não é só o desperdício em si, o que já seria um grande motivo para repensarmos nossos hábitos. Segundo dados da Pesquisa de Saneamento Básico 2008 - divulgados pelo IBGE em agosto de 2010 - até o respectivo ano base do estudo, metade da totalidade dos municípios brasileiros ainda utilizava lixões a céu aberto para descarte de seus dejetos. Isso significa dizer que parte desses alimentos descartados pela população e pelo comércio ainda vai parar nesses locais sem as mínimas condições de saneamento, poluindo o solo, água e ar, além das emissões descontroladas de gás metano, grande causador do efeito estufa.

Em todos esses casos, mais grave que o desperdício é a falta de conhecimento.

Em tempos que se fala tanto sobre Sustentabilidade, uma das mudanças mais significativas que poderíamos fazer está em nossa necessidade diária mais básica: o comer.

Fome e desperdício geram perdas. Perdas não só em aspectos físicos e nutricionais, mas também em aspectos sociais e culturais. O que afeta direta ou indiretamente a vida de todos, seja rico ou pobre.

Uma escola, um bairro, uma cidade, uma sociedade, assim como seu dia-a-dia, valores, sua cultura e leis são feitas por gente. Pra gente. 
Sendo assim, é possível – e necessário – educação e mudança.

Pra garantia da saúde e existência de todos. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lugar-comum


Embora como uma autêntica aquariana não me apeteça ficar nos lugares-comuns (sem nenhuma pretensão!), penso que falar sobre a onda invasiva das bicicletas nas grandes cidades hoje seja bastante válido. Necessário até.

Ficar no lugar-comum é também estagnar no discurso que o trânsito atualmente é um dos grandes problemas de quem vive nas grandes cidades. Possibilidades de melhorias vêm sendo discutidas, assim como se a melhor opção de transporte público é o ônibus ou o metrô, mas pouco efetivamente tem sido colocado em prática, nem mesmo em caráter experimental. E assim vamos “em frente”...

Porém, nessa leva de conversas e papos sobre mobilidade urbana, as bicicletas estão entrando devagarzinho em cena. Bastante tímidas no início, elas vêm conquistando adeptos e seu lugar ao Sol no reduto de discussões sobre o trânsito. Muitos até já veem as magrelas como uma das principais opções para a melhoria da mobilidade nas grandes cidades.

Para fazer jus a filosofia desse blog, a questão aqui não é apresentar opiniões e tomar partidos de qual seria a melhor opção para o problema (até porque, penso que tem gente por aí que entende muito melhor do que eu sobre o assunto), mas apresentar ideias colocadas em prática por aí que vêm mudando a vida de moradores de algumas regiões por causa dessas nossas conhecidas de longa data...

Como a ideia do paranaese radicado em São Paulo, o Adilson, que, aqui bem pertinho de mim (moro em Santo André), na cidade de Mauá, montou o considerado maior bicicletário da América Latina.

Será que alguém um dia imaginaria que um ex-morador da Febem e assistente de pedreiro passasse num concurso da Companhia de Trens Metropolitanos de São Paulo (CPTM) e, mais ainda, tivesse audácia tamanha pra bater o pé e conseguir um terreno que hoje viria a ser a “mão na roda” para quase 1700 ciclistas?

Desde 2001, todo esse pessoal têm agora onde deixar suas bikes para então seguir de trem para seus trabalhos.

                                 Fonte: mobilize.org.br

Por um valor de R$ 15,00 por mês, além de estacionamento, o usuário tem a sua disposição café quente o dia todo, TV, banheiros femininos e masculinos, além de oficina mecânica com preços abaixo dos praticados no mercado para calibrar um pneu se necessário. E pra aqueles que necessitam utilizar o serviço só de vez em quando, paga-se R$ 1,00 para deixar a bike o dia todo lá.

No final das contas, muita gente ganha com essa história toda, economizando dinheiro e principalmente tempo ao optar pela magrela no lugar do ônibus, especialmente em horários de rush.


E quando elas são alternativa pra garantir Educação? Aí nem se fala.


Em São Paulo, um projeto nomeado Escola de Bicicletas transforma bambu e alumínio em bikes. E a vida de um monte de gente.


Bambu que vira bicicleta? É isso mesmo. Idealizado por um designer carioca, elas tomam forma pelas mãos de 12 jovens moradores do Jardim Paulistano,  zona norte de São Paulo. Hoje, aproximadamente 500 crianças do Centro Educacional Unificado (CEU) já se deslocam das suas casas para a escola diariamente sobre rodas.


E o mais legal: levam na garupa mais que cadernos. Levam lições de consciência social e ambiental.



                                Fonte: CEU Divulgação.


                                Fonte: CEU Divulgação


Em Uruoca, cidade do interior do Paraná, a bicicleta é o meio essencial para que alunos consigam chegar nas suas escolas.


Lá, desde janeiro, alunos recebem bikes e equipamentos de segurança (detalhe importantíssimo!) para chegar aos bancos escolares, localizados muito longe de suas residências. Eles não as utilizam para realizar todo o trajeto, mas cumprem um percurso considerável com elas.


                     Fonte: Prefeitura de Uruoca / Divulgação


O número ainda não é significativo em comparação com toda a rede, porém, mais que nos atentar a números, a grandes números, saber que as bicicletas já estão fazendo a diferença no reduto da vida cotidiana de cada criança que agora se desloca mais facilmente em direção ao conhecimento já é de grande êxito.


Sair do nosso confortável lugar-comum é pensar nas bicicletas como uma opção de transporte econômico e possibilitadora de melhorias no trânsito e pro nosso bem-estar.

Pra melhor convivência no nosso lugar-comum.







terça-feira, 11 de setembro de 2012

Faz bem pro coração


Ouvi certa vez que Deus fez os animais para mostrar ao homem o que é o verdadeiro amor. E nunca mais esqueci.

Esse é um dos projetos que acho dos mais incríveis, sensacionais. E o dia que a classe médica e a sociedade como um todo reconhecer verdadeiramente a importância de um trabalho desse, posso pensar que ainda tenho mais uma razão para acreditar no ser humano.

Cães dentro de hospitais. Que ideia maluca essa?!

Pois é, mas já vem sendo reconhecida cientificamente (ok, sei que para muitos esse selo do Inmetro ainda é necessário) como importantíssima para o controle da pressão sanguínea e cardíaca e da auto-estima de de pessoas em situações de enfermidade.

E pra aqueles que já associaram cachorro em hospital com sujeira e bactérias, o relacionamento com o cão gera melhoras pro paciente também em seu sistema imunológico.

Vendo essas imagens, precisaria de comprovações?

                                Fonte: www.hospitaldapuc-campinas.com.br


                                             Fonte: www.tac.org.br


                                          Fonte: facebook.com/caocarinho


                                Fonte: www.inataa.org.br

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Jornal em família


Em tempos onde praticamente todas as nossas necessidades cotidianas de comunicação podem ser realizadas por um telefone celular, desde conversar com amigos, filhos, esposa, marido, até o recebimento de notícias diárias via Internet, será que ainda existe espaço para o jornal e revistas em papel?

A Internet possui uma grande vantagem frente ao impresso: a instantaneidade. Um acontecimento do outro lado do mundo chega a nós, cidadãos comuns, em questão de segundos através da conexão com a rede mundial de computadores, hoje já bastante popularizada, embora ainda não acessível a todos. Num jornal impresso, chegaria no mínimo na manhã seguinte.

Isso pode nos dar a sensação de que somos os seres mais bem informados da face da Terra. Sabemos de tudo o que acontece ao redor do mundo numa simples tela de computador. Ou na tela de um telefone celular na palma da mão.

Porém a questão aqui não é quantidade, e sim profundidade. Mais ainda, conhecimento.

Como formar cidadãos pensadores e capazes de opinar frente a avalanche de notícias que recebemos diariamente?

O jornal pode ser um recurso precioso para o desenvolvimento da capacidade crítica da criança. Por meio dele, pode-se desenvolver nos pequenos, desde cedo, a chamada formação de opinião. Mas como fazer isso, na prática? Será que somente um professor, ou um especializado no assunto, tem técnicas para isso?

O jornal é, existencialmente, um recurso democrático. Possibilita o acesso à informação a todos, seja rico ou pobre. Dessa forma, pode sim ser utilizado para o desenvolvimento da capacidade de opinar de uma criança, em casa, com os pais.

Sentar com as crianças e ler uma notícia de jornal ou matéria de revista com elas - seja em papel ou pelo computador - discutindo juntos o que entenderam sobre o assunto em questão é o caminho. Não deixá-las sair do foco, mas permitir opinarem livremente sobre o tema, sem instituir nesse momento julgamentos pessoais de valor dos pais como “certo” e “errado” ou “verdades absolutas”. Possibilitá-las à reflexão, esse é o objetivo.

E muito importante: selecionar previamente o tema a ser tratado. Crianças ainda não estão preparadas para compreender certos assuntos. Lembre-se que, quanto mais nova, mais próximo deve ser o conteúdo da realidade dela.

Notícias sobre violência de qualquer ordem, bem como suas consequências, devem ficar de fora, sempre. 

Não se trata de omissão da realidade, como muitos podem pensar, mas com crianças, especialmente as mais novas, que ainda não sabem distinguir bem fantasia de realidade e certos valores morais, a máxima “violência gera violência” faz ainda mais sentido.

E esse trabalho também é para isso: desenvolver juntamente com as crianças conceitos para uma boa convivência em sociedade, de forma gradativa.

Assim, não se trata aqui de julgar qual meio é o melhor, ou falar em substituições, mas sim fazer uso das opções e possibilidades que temos hoje. Avanços são sempre melhoria para a humanidade, não perda.

Sabemos que o cotidiano da maioria das famílias atualmente é bastante corrido, onde sequer as principais refeições diárias são feitas todos juntos, ao redor de uma mesa, como acontecia num tempo nem tão distante assim. Por isso, pequenos momentos como esse farão uma grande diferença na vida dos pequenos hoje, e com certeza contribuirão para a formação de um mundo melhor.




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Da horta pro prato

O destino das nações depende do que e de como as pessoas se alimentam.

Essa frase, de um grande especialista em gastronomia da França, Brillat-Savarin, paradoxalmente, resume a amplitude de um dos assuntos que mais me interessam nessa vida: a alimentação, não só em termos do que comer para manter a boa saúde, como também em aspectos econômicos, sociais e culturais.

Comer é uma das necessidades humanas básicas, assim como beber, dormir e respirar.

Em tempos que muitas das chamadas doenças modernas (como obesidade, câncer e hipertensão) estão vinculadas diretamente ao nosso estilo de vida, em especial à nossa má alimentação, cheia de químicas e agrotóxicos, um sistema de hortas orgânicas em plena cidade grande pode ser considerado quase que um patrimônio.

E já acontece na cidade de São Bernardo do Campo. Lá, a população dispõe de três hortas mantidas por agricultores familiares em espaços cedidos pela prefeitura da cidade onde, desocupados, eram feitos de lixões irregulares e proliferavam doenças.

Leguminosas e hortaliças podem ser compradas diretamente dos produtores, fresquinhas, sem agrotóxicos e uma infinidade de produtos químicos, além de possíveis danos provenientes do transporte de carga.

                                 Horta orgânica da cidade de São Bernardo do Campo

Por ser comprada diretamente da terra, é disponibilizado ao comprador os cultivos dentro da sazonalidade e o preço também é bem interessante em comparação com o mercado.

Os produtores recebem capacitação profissional e assim incluem-se no mercado de trabalho e geram renda.

Para o município, também é mais vantajoso financeiramente manter um projeto como esse do que a limpeza periódica do espaço se estiver baldio.

Exemplos como esse acontecem também em outros lugares, como em Santana de Parnaíba. Lá, quem concretizou essa ideia foi a União dos Moradores do bairro Cidade São Pedro. 

Uma horta comunitária feita com materiais recicláveis e a nobre missão de oferecer alimentação saudável e de baixo custo à população foi realizada no próprio terreno da associação.




   Horta comunitária da União dos Moradores da cidade São Pedro, em Santana de Parnaíba

Posso dizer que eu, Vanessa, acho mais legal ainda quando projetos assim são demanda da própria população e envolvem, paralelamente, ações educacionais. 

Em Fortaleza, as hortas comunitárias foram concretizadas através do Orçamento Participativo da comunidade dos bairros Alagadiço Novo e Planalto Airton Senna, onde a comunidade participa das decisões acerca do destino dos recursos públicos.

O Projeto “Hortas de Fortaleza” atende direta e indiretamente mais de 180 pessoas e oferece capacitação profissional aos produtores, abordando temas como Educação Ambiental, Agricultura Urbana, Segurança Alimentar, Importância das Hortaliças e Plantas Medicinais, Reciclagem e Reaproveitamento de Resíduos Sólidos e Orgânicos. 

E, se o problema é espaço, olha só que ideia bacana teve o pessoal da Emeif Dorival Faria, no bairro Jardim Tupanci, em Barueri. 

Uma horta vertical orgânica, como essa abaixo, construída em tambores doados por uma empresa vizinha à escola e terra fornecida pela Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente de Barueri, onde é cultivado pepino, alface, cheiro verde e couve.
                        






A comunidade também pode visitar a horta da escola e aprender a adaptá-la em garrafas pet.

Mais que alimentação saudável, todos esses exemplos dá a população a oportunidade de ver concretizada uma demanda própria, e fazer uso dela no seu dia-a-dia. De verdade. 

Isso é inclusão social.


Fonte: www.saobernardo.sp.gov.br
            blog.institutobrookfield.org.br
            www.fortaleza.ce.gov.br
            www.barueri.sp.gov.br