Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lugar-comum


Embora como uma autêntica aquariana não me apeteça ficar nos lugares-comuns (sem nenhuma pretensão!), penso que falar sobre a onda invasiva das bicicletas nas grandes cidades hoje seja bastante válido. Necessário até.

Ficar no lugar-comum é também estagnar no discurso que o trânsito atualmente é um dos grandes problemas de quem vive nas grandes cidades. Possibilidades de melhorias vêm sendo discutidas, assim como se a melhor opção de transporte público é o ônibus ou o metrô, mas pouco efetivamente tem sido colocado em prática, nem mesmo em caráter experimental. E assim vamos “em frente”...

Porém, nessa leva de conversas e papos sobre mobilidade urbana, as bicicletas estão entrando devagarzinho em cena. Bastante tímidas no início, elas vêm conquistando adeptos e seu lugar ao Sol no reduto de discussões sobre o trânsito. Muitos até já veem as magrelas como uma das principais opções para a melhoria da mobilidade nas grandes cidades.

Para fazer jus a filosofia desse blog, a questão aqui não é apresentar opiniões e tomar partidos de qual seria a melhor opção para o problema (até porque, penso que tem gente por aí que entende muito melhor do que eu sobre o assunto), mas apresentar ideias colocadas em prática por aí que vêm mudando a vida de moradores de algumas regiões por causa dessas nossas conhecidas de longa data...

Como a ideia do paranaese radicado em São Paulo, o Adilson, que, aqui bem pertinho de mim (moro em Santo André), na cidade de Mauá, montou o considerado maior bicicletário da América Latina.

Será que alguém um dia imaginaria que um ex-morador da Febem e assistente de pedreiro passasse num concurso da Companhia de Trens Metropolitanos de São Paulo (CPTM) e, mais ainda, tivesse audácia tamanha pra bater o pé e conseguir um terreno que hoje viria a ser a “mão na roda” para quase 1700 ciclistas?

Desde 2001, todo esse pessoal têm agora onde deixar suas bikes para então seguir de trem para seus trabalhos.

                                 Fonte: mobilize.org.br

Por um valor de R$ 15,00 por mês, além de estacionamento, o usuário tem a sua disposição café quente o dia todo, TV, banheiros femininos e masculinos, além de oficina mecânica com preços abaixo dos praticados no mercado para calibrar um pneu se necessário. E pra aqueles que necessitam utilizar o serviço só de vez em quando, paga-se R$ 1,00 para deixar a bike o dia todo lá.

No final das contas, muita gente ganha com essa história toda, economizando dinheiro e principalmente tempo ao optar pela magrela no lugar do ônibus, especialmente em horários de rush.


E quando elas são alternativa pra garantir Educação? Aí nem se fala.


Em São Paulo, um projeto nomeado Escola de Bicicletas transforma bambu e alumínio em bikes. E a vida de um monte de gente.


Bambu que vira bicicleta? É isso mesmo. Idealizado por um designer carioca, elas tomam forma pelas mãos de 12 jovens moradores do Jardim Paulistano,  zona norte de São Paulo. Hoje, aproximadamente 500 crianças do Centro Educacional Unificado (CEU) já se deslocam das suas casas para a escola diariamente sobre rodas.


E o mais legal: levam na garupa mais que cadernos. Levam lições de consciência social e ambiental.



                                Fonte: CEU Divulgação.


                                Fonte: CEU Divulgação


Em Uruoca, cidade do interior do Paraná, a bicicleta é o meio essencial para que alunos consigam chegar nas suas escolas.


Lá, desde janeiro, alunos recebem bikes e equipamentos de segurança (detalhe importantíssimo!) para chegar aos bancos escolares, localizados muito longe de suas residências. Eles não as utilizam para realizar todo o trajeto, mas cumprem um percurso considerável com elas.


                     Fonte: Prefeitura de Uruoca / Divulgação


O número ainda não é significativo em comparação com toda a rede, porém, mais que nos atentar a números, a grandes números, saber que as bicicletas já estão fazendo a diferença no reduto da vida cotidiana de cada criança que agora se desloca mais facilmente em direção ao conhecimento já é de grande êxito.


Sair do nosso confortável lugar-comum é pensar nas bicicletas como uma opção de transporte econômico e possibilitadora de melhorias no trânsito e pro nosso bem-estar.

Pra melhor convivência no nosso lugar-comum.







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