Embora como uma autêntica aquariana não me apeteça ficar nos
lugares-comuns (sem nenhuma pretensão!), penso que falar sobre a onda invasiva das bicicletas nas
grandes cidades hoje seja bastante válido. Necessário até.
Ficar no lugar-comum é também estagnar no discurso que o
trânsito atualmente é um dos grandes problemas de quem vive nas grandes
cidades. Possibilidades de melhorias vêm sendo discutidas, assim como se a
melhor opção de transporte público é o ônibus ou o metrô, mas pouco
efetivamente tem sido colocado em prática, nem mesmo em caráter experimental. E
assim vamos “em frente”...
Porém, nessa leva de conversas e papos sobre mobilidade
urbana, as bicicletas estão entrando devagarzinho em cena. Bastante tímidas no
início, elas vêm conquistando adeptos e seu lugar ao Sol no reduto de
discussões sobre o trânsito. Muitos até já veem as magrelas como uma das
principais opções para a melhoria da mobilidade nas grandes cidades.
Para fazer jus a filosofia desse blog, a questão aqui não é
apresentar opiniões e tomar partidos de qual seria a melhor opção para o
problema (até porque, penso que tem gente por aí que entende muito melhor do
que eu sobre o assunto), mas apresentar ideias colocadas em prática por aí que
vêm mudando a vida de moradores de algumas regiões por causa dessas nossas
conhecidas de longa data...
Como a ideia do paranaese radicado em São Paulo, o Adilson,
que, aqui bem pertinho de mim (moro em Santo André), na cidade de Mauá, montou
o considerado maior bicicletário da América Latina.
Será que alguém um dia imaginaria que um ex-morador da Febem
e assistente de pedreiro passasse num concurso da Companhia de Trens
Metropolitanos de São Paulo (CPTM) e, mais ainda, tivesse audácia tamanha pra
bater o pé e conseguir um terreno que hoje viria a ser a “mão na roda” para
quase 1700 ciclistas?
Desde 2001, todo esse pessoal têm agora onde deixar suas bikes
para então seguir de trem para seus trabalhos.
Fonte: mobilize.org.br
Por um valor de R$ 15,00 por mês, além de estacionamento, o usuário tem a sua disposição café quente o dia todo, TV, banheiros femininos e masculinos, além de oficina mecânica com preços abaixo dos praticados no mercado para calibrar um pneu se necessário. E pra aqueles que necessitam utilizar o serviço só de vez em quando, paga-se R$ 1,00 para deixar a bike o dia todo lá.
No final das contas, muita gente ganha com essa história toda,
economizando dinheiro e principalmente tempo ao optar pela magrela no lugar do
ônibus, especialmente em horários de rush.
E quando elas são alternativa pra garantir Educação? Aí nem
se fala.
Em São Paulo, um projeto nomeado Escola de Bicicletas transforma
bambu e alumínio em bikes. E a vida de um monte de gente.
Bambu que vira bicicleta? É isso mesmo. Idealizado por um designer
carioca, elas tomam forma pelas mãos de 12 jovens moradores do Jardim
Paulistano, zona norte de São Paulo. Hoje, aproximadamente 500
crianças do Centro Educacional Unificado (CEU) já se deslocam das suas casas
para a escola diariamente sobre rodas.
E o mais legal: levam na garupa mais que cadernos. Levam lições de
consciência social e ambiental.
Fonte: CEU Divulgação.
Fonte: CEU Divulgação
Em Uruoca, cidade do interior do Paraná, a bicicleta é o meio essencial
para que alunos consigam chegar nas suas escolas.
Lá, desde janeiro, alunos recebem bikes e equipamentos de
segurança (detalhe importantíssimo!) para chegar aos bancos escolares,
localizados muito longe de suas residências. Eles não as utilizam para realizar todo
o trajeto, mas cumprem um percurso considerável com elas.
Fonte: Prefeitura de Uruoca / Divulgação
O número ainda não é
significativo em comparação com toda a rede, porém, mais que nos atentar a
números, a grandes números, saber que as bicicletas já estão fazendo a
diferença no reduto da vida cotidiana de cada criança que agora se desloca mais
facilmente em direção ao conhecimento já é de grande êxito.
Sair do nosso
confortável lugar-comum é pensar nas bicicletas como uma opção de transporte
econômico e possibilitadora de melhorias no trânsito e pro nosso bem-estar.
Pra melhor convivência no nosso lugar-comum.
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