Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Educação vem de berço

Ontem, dia 29 de outubro, foi o Dia Nacional do Livro.

Em tempos a quem alguém um dia nomeou de “revolução digital”, pode até parecer de certa forma estranho que a comemoração desse dia tenha sido bastante difundida nas redes sociais. 

É. A quantidade de informação a que temos acesso atualmente via Internet pode nos fazer pensar sobre qual o papel dos livros na nossa atual sociedade. Afinal, conteúdo, para nós – conteúdo no mais simples significado da palavra - não falta. Sobra. (vale lembrar aqui também que, embora a conexão por Internet banda larga tenha se difundido em larga escala nos últimos anos, muita gente ainda não tem acesso à ela).

Especialmente quando se trata de Educação, qual é a relevância dos livros na formação dessa nova geração de crianças e jovens, que já nasceram conectados e com acesso à diversos recursos tecnológicos? Diante da quantidade de informações a qual estamos expostos diariamente, como esse público organiza, assimila tudo isso?

Podem parecer somente inquietações de educadores e pedagogos, mas não é. Ou não deveria ser. Afinal, mais a fundo, estamos falando em formação de sociedade, formação de seres humanos em todos os sentidos: cultural, intelectual, social e emocional. Formação de vidas. Pra vida.

Livros de histórias, contos, lendas, fábulas são importantíssimas para o desenvolvimento da inteligência do ser humano – o que nós Pedagogos chamamos de cognição - e para o seu reconhecimento como ser inserido num determinado contexto social e cultural.

Quem de nós não se lembra das famosas histórias dos Irmãos Grimm, Chapeuzinho Vermelho, a Bela Adormecida, Branca de Neve, ou das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica... podem parecer somente entretenimento, mas não são. Por meio delas, e de tantas outras, pudemos adquirir conhecimentos sobre regras e valores para convivência em sociedade, desenvolver gradualmente conceitos abstratos de situações concretas - as chamadas “moral da história” - e de noções de símbolos.

A criança é um ser em fase de descoberta de quem é si mesmo, de suas possibilidades e do mundo que o cerca. Por isso, é muito importante até para os bebês o contato com o mundo letrado, com livros destinados para a faixa etária deles. Livros de banho, de imagens e sons os ajuda a desenvolver habilidades como coordenação visomotora (controle de olhos e mãos), controle manual, percepção visual e auditiva e reconhecimento gradual de cores e formas.

Mas o principal é que os pais leiam para os bebês: poemas, histórias com músicas e muita repetição. Eles adoram! Além disso, desenvolve-se gradualmente a percepção sensorial, a construção da inteligência, memória e linguagem.

Já com crianças maiores, ler histórias infantis e infanto-juvenis pode auxiliá-los a compreenderem melhor o mundo em que vivem, a formular hipóteses e pensar criticamente.

Mais do que simplesmente ler uma história para uma criança, pais podem promover momentos de discussão sobre essas histórias, pensando juntamente – e não para elas – sobre situações e atitudes dos personagens, como agiriam no lugar deles, sem nunca inserir julgamentos e juízos de valor dos adultos.

O intuito é desenvolver nas crianças seu próprio senso crítico-reflexivo sobre as coisas que o cercam, sua capacidade de comunicação e expressão verbal, sua autoconfiança para expor suas opiniões e, o mais importante, refletir com elas sobre a relação ato e consequência de ações e atitudes. Orientar é isso, não desenvolver em crianças sentimento de medo e culpas por valores ditos morais sem embasamento algum e correlação com a realidade.

As novas tecnologias são recursos que vieram para agregar ganhos para a humanidade. No entanto, muito mais importante do que a quantidade de informações que temos acesso nos dias de hoje, é o uso que fazemos delas em nossa vida. Pra nossa vida.

Digital ou papel: o que importa mesmo é o ser pensante do outro lado da tela. Ou da folha.



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