Já ouvi dizer que essa história de que muitos falam que, a cada ano que passa, os dias, semanas e anos passam mais rápido tem mesmo comprovação científica.
Nunca fui pesquisar sobre o assunto, mas a sensação que tenho (e acredito que seja de muita gente) é exatamente essa: a cada dia, menos tarefas cabem no meu dia. E o que resta, pra não enlouquecer, é desapegar. Saber que se faz o que dá, o possível. E só.
Como bem disse um professor meu da Pós-Graduação, não é que o tempo passa mais depressa. A quantidade de afazeres e informações que chegam até nós é que aumentam a cada dia.
Faz todo sentido.
Hoje temos um luxo que, de verdade, nunca imaginei ter na
vida um dia. Carregar a vida e o mundo dentro da Internet comigo. Onde quer que
eu vá. Mas hoje vejo que é daqueles tipos de luxo que, se não consumidos e
utilizados com discernimento, nos tornam escravos dele.
Tudo isso, dizem, pra otimizar tempo. Ser produtivo. Possibilitar
mais tarefas dentro de 18, 20 horas.
A sociedade do excesso, como alguns já nomearam. Descrição
perfeita.
Vejo por mim mesma: sou uma “curtidora” de páginas do Facebook. Tudo o que me interessa, de alguma forma, vai pro “curtir”. Porém, o que fica da quantidade de informação que recebo todos os dias, de verdade, de qualidade e importante pra minha vida pessoal e profissional? Muito pouco. Fragmentos, vagas lembranças. Quando muito.
E o que fazer disso tudo? Mais difícil ainda.
Já percebi que produtiva mesmo eu sou quando desligo tudo e
vou produzir algo com minha própria inteligência individual. Ou coletiva,
quando sento na mesa de um bar com meus colegas de trabalho e de lá é que
saíram até hoje nossos melhores projetos. Jogando conversa fora, tomando uma
cerveja, um café. E, no máximo, acompanhados de caderninhos e canetas.
A Internet é uma das coisas mais lindas criadas pela
inteligência humana. Sabedoria pura: fazer de conhecimento teórico, empírico e
técnico algo de útil pra vida das pessoas. No dia a dia.
E, a partir dela, e do espírito colaborativo de pessoas
engajadas - unidas a partir de uma tecnologia que, sem ela, dificilmente seria
possível – muitas melhorias são passíveis de serem concretizadas para o
bem-comum. Acredito até que ela pode ser um instrumento de mudança social e emancipação de classes.
No entanto, para que a inteligência coletiva efetivamente se
concretize, aos poucos e na prática, é necessária uma mudança de mentalidade e
das formas de uso das novas ferramentas tecnológicas que surgem a cada dia.
Simplesmente transferir o que estava no papel pro tablet, há
de convir comigo que não é tarefa tão difícil assim. O desafio que temos hoje
enquanto sociedade é formar as novas gerações para utilizar as novas
tecnologias e mídias digitais com senso crítico e inteligência e, a partir delas, possibilitar uma verdadeira transformação social: da
sociedade do excesso de informação à sociedade do conhecimento.
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