Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 16 de abril de 2013

A desinteligência coletiva

Já ouvi dizer que essa história de que muitos falam que, a cada ano que passa, os dias, semanas e anos passam mais rápido tem mesmo comprovação científica.

Nunca fui pesquisar sobre o assunto, mas a sensação que tenho (e acredito que seja de muita gente) é exatamente essa: a cada dia, menos tarefas cabem no meu dia. E o que resta, pra não enlouquecer, é desapegar. Saber que se faz o que dá, o possível. E só.

Como bem disse um professor meu da Pós-Graduação, não é que o tempo passa mais depressa. A quantidade de afazeres e informações que chegam até nós é que aumentam a cada dia.

Faz todo sentido. 

Hoje temos um luxo que, de verdade, nunca imaginei ter na vida um dia. Carregar a vida e o mundo dentro da Internet comigo. Onde quer que eu vá. Mas hoje vejo que é daqueles tipos de luxo que, se não consumidos e utilizados com discernimento, nos tornam escravos dele.
Tudo isso, dizem, pra otimizar tempo. Ser produtivo. Possibilitar mais tarefas dentro de 18, 20 horas.

A sociedade do excesso, como alguns já nomearam. Descrição perfeita.

Vejo por mim mesma: sou uma “curtidora” de páginas do Facebook. Tudo o que me interessa, de alguma forma, vai pro “curtir”. Porém, o que fica da quantidade de informação que recebo todos os dias, de verdade, de qualidade e importante pra minha vida pessoal e profissional? Muito pouco. Fragmentos, vagas lembranças. Quando muito.

E o que fazer disso tudo? Mais difícil ainda.

Já percebi que produtiva mesmo eu sou quando desligo tudo e vou produzir algo com minha própria inteligência individual. Ou coletiva, quando sento na mesa de um bar com meus colegas de trabalho e de lá é que saíram até hoje nossos melhores projetos. Jogando conversa fora, tomando uma cerveja, um café. E, no máximo, acompanhados de caderninhos e canetas.

A Internet é uma das coisas mais lindas criadas pela inteligência humana. Sabedoria pura: fazer de conhecimento teórico, empírico e técnico algo de útil pra vida das pessoas. No dia a dia.

E, a partir dela, e do espírito colaborativo de pessoas engajadas - unidas a partir de uma tecnologia que, sem ela, dificilmente seria possível – muitas melhorias são passíveis de serem concretizadas para o bem-comum. Acredito até que ela pode ser um instrumento de mudança social e emancipação de classes.

No entanto, para que a inteligência coletiva efetivamente se concretize, aos poucos e na prática, é necessária uma mudança de mentalidade e das formas de uso das novas ferramentas tecnológicas que surgem a cada dia.

Simplesmente transferir o que estava no papel pro tablet, há de convir comigo que não é tarefa tão difícil assim. O desafio que temos hoje enquanto sociedade é formar as novas gerações para utilizar as novas tecnologias e mídias digitais com senso crítico e inteligência e, a partir delas, possibilitar uma verdadeira transformação social: da sociedade do excesso de informação à sociedade do conhecimento.







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