Créditos da foto: Fernanda Romero

Créditos da foto: Fernanda Romero

terça-feira, 2 de abril de 2013

Um grande e pleno movimento

Aproveitei o último feriado pra assistir um filme brasileiro que há muito tempo estava na minha lista de pendências: “Quem se importa” (www.quemseimporta.com.br), dirigido pela cineasta Mara Mourão.

Descrito como “mais do que um filme, é um movimento” na sua página da Internet e do Facebook, ele na realidade é um documentário que relata experiências de pessoas comuns de vários lugares do Planeta que, por meio do Empreendedorismo Social, estão concretizando, cada um a sua maneira, esse nosso lugar comum num lugar melhor e numa vida mais digna para pessoas diversas.

A sensação que tive ao assistir ao documentário é que, para promover mudanças efetivas, concretas no mundo, pode ser mais fácil do que imaginamos. Que as grandes mazelas que dilaceram bilhões de vida todos os anos são quadros com possibilidade de reversão. E por vezes com ações bem mais simples do que imaginamos.

Simplicidade: essa é a palavra que me tomou ao assistir ao filme. Possível a mim, a você, a qualquer um que deseje promover alguma atitude que, mesmo pequena de início, pode gerar uma grande mudança no futuro. 

Embora uma das mais características heranças orientais, a desconfiança, seja em mim bem pouco aflorada (Graças a Deus porque, a meu ver, toma muito tempo e dá rugas, de verdade) confesso que ela sinalizou na hora: como você se deixa comprar facilmente por palavras bonitas! Precisa aprender a se defender, senão a vida... (parece que escuto alguma voz adulta dizendo isso, mas não sei bem de quem...).

A primeira coisa que me chamou a atenção nesse filme foi o estranhamento das outras pessoas perante o “transformador social”, quando decidem largar - ou abdicar de tentar - carreira bem sucedida, status e poder pra embarcar numa empreitada como essa.

Frases como “acho que você está ficando louca, isso é coisa pro governo se preocupar, não você”, “eu te ajudo a arrumar um emprego” foram as que mais me marcaram. Me identifiquei.

Como já cantei certa vez por aqui, sempre tive dentro de mim uma sensação de “para quê” em tudo o que faço, especialmente em termos profissionais. E minha dificuldade maior nesse aspecto da minha vida era em saber lidar com “resultados pequenos”: sempre achei que, especialmente trabalhando na área da Educação, todos os meus projetos tinham que ser muito abrangentes, ter “grandes resultados”, impactar diretamente a vida de muitas pessoas. E aos poucos fui (e estou) percebendo que sim, a mudança é no pouco. É em uma turma, em uma escola, é em uma comunidade. É no pequeno. Pra depois se tornar muito. Se tornar grande.

E pra me impulsionar nesse meu estágio evolutivo, me parece que o mundo também vem buscando se tornar cada vez mais individual: atualmente se fala cada vez mais em ensino individualizado / personalizado, em atendimento médico humanizado, o Jornalismo tende a se voltar a contar pequenas histórias.

Parece também até um paradoxo, de certa maneira. Na sociedade do excesso atual, em que tudo tem que ser grande, em que tudo tem que ser muito, movimentos como esses e de alguns engajados por aí, que buscam vivificar um “culto ao individual” (o que é totalmente contrário ao “culto ao individualismo”, vale ressaltar) é somente um reflexo de uma sociedade que dá sinais claros de um estafamento de mania de grandeza, de “abraçar o mundo com os dois braços”, mas composta de seres humanos, que buscam olhar e serem olhados diretamente nos olhos, acessar e serem acessados no coração. Pra então se concretizar as possibilidades infinitas. Pra ser grande. E ser pleno.








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